TV Paga: Série 9MM - São Paulo retorna menos política e mais ‘familiar’

[Publicado originalmente no Blog do Daniel Castro, no Portal R7]

O canal Fox estreia nesta terça-feira (14), às 22h, a segunda temporada de 9MM: São Paulo.

9MM: São Paulo, como o nome indica, é uma série policial ambientada em São Paulo, no universo de um grupo de policiais de uma unidade de investigação de homicídios da Polícia Civil. Ela tem um arco dramático que lembra o dos seriados policiais norte-americanos, com várias tramas se desenvolvendo simultaneamente. Tem um quê de Nova York contra o Crime no roteiro e de The Shield na direção. Mas é bem brasileira.

As deficiências da polícia brasileira estão todas retratadas na série: a corrupção, o uso da violência e da tortura, o desleixo na investigação e na perícia, a falta de estrutura - no primeiro episódio desta segunda temporada, o delegado Eduardo (Luciano Quirino) perde um bom tempo (e a paciência) tentando consertar uma privada de sua divisão.

9MM tem ainda outra característica que a tropicaliza. É baseada em crimes que de fato aconteceram. "Tudo é inspirado em casaos reais. Não escolhemos um caso em particular, mas várias histórias, que têm a ver com as questões dos personagens [os policiais], com suas vidas", confirma Roberto D'Avila, produtor executivo da série.

Assim, na primeira temporada 9MM retratou acontecimentos como os ataques do PCC, em 2006. Teve uma "pegada" mais política. Nesta segunda temporada, a violência familiar, como o abuso sexual e a violência contra a mulher, é o tipo de crime que permeia todos os episódios.

Nos episódios exibidos em 2008 e 2009, em duas etapas, a trajetória dos personagens centrais - além de Eduardo, os investigadores Horácio (Norival Rizzo), Luisa (Clarissa Kiste), 3P (Nicolas Trevijano) e Tavares (Marcos Cesana, ator que morreu em 2010, logo após o término das gravações) - seguia para a unidade do grupo. Agora será o contrário. O grupo irá se esfacelar, avisa D'Avila.

9MM tem uma linguagem que incomoda muita gente. É toda filmada com a câmera na mão, sem tripé, rodando em volta dos atores, abusando dos chicotes (movimentos bruscos de câmera para os lados), numa busca de uma linguagem mais documental e ao mesmo tempo subjetiva. Pode-se não gostar, mas essa é justamente uma qualidade.

A série tem um processo de gravação interessante, que D'Avila chama de decupagem livre. Decupagem é a etapa de produção de um produto audivisual em que o diretor define como serão as cenas, escolhendo os planos, enquadramentos e movimentos de câmera. Geralmente, isso é feito antes de se filmar ou gravar. Em 9MM, não. A decupagem é feita quando o set está todo arrumado, o cenário pronto, a iluminação preparada, os atores ensaiando. Com a mise-en-scène armada, entram as câmeras e escolhem-se os planos.

A segunda temporada de 9MM, por enquanto, tem apenas sete episódios - que custaram R$ 3,6 milhões, quase integralmente bancados por recursos de incentivo fiscal à produção audivisual. Uma segunda leva ainda não está nos planos da Fox. Vai depender do desempenho das histórias a serem exibidas a partir desta terça.

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