Aplicativos crescem e aparecem na tela da TV

Com o "boom" do mercado de televisores com internet, desenvolvedores competem por
espaço na sala de estar


[Publicado originalmente no Jornal O Globo, 27 de Agosto, Página 36. Por Paulo Justus]

Daniel Almeida, da LG: demanda por aplicativos vem crescendo
SÃO PAULO. Os aparelhos de TV com acesso à internet abriram um promissor mercado para as empresas de software. Os desenvolvedores locais já trabalham contra o tempo para povoar as lojas de aplicativos dos fabricantes de televisão, que funcionam nos mesmos moldes das lojas do Android Market, da Google, e da Apple.

A ideia é seguir os passos do modelo que já fez sucesso entre usuários de tablets e smartphones e marcar presença num mercado que abarca um em cada quatro televisores vendidos atualmente.

Na Finger Tips, especializada no desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis, o segmento de smart TV deve responder por 10% do faturamento de R$ 10 milhões previsto para este ano. Desde março, quando começou a receber os pedidos de fabricantes de TV, a empresa já lançou 30 produtos nas lojas da LG e Samsung, que rodam em plataformas diferentes — desde aplicativos de bancos e portais de conteúdo até jogos.

— A demanda não para de crescer. Hoje temos uma equipe de dez pessoas que só trabalha com isso — diz Breno Masi, sócio-fundador da empresa.

A desenvolvedora de jogos Hive também identificou o potencial do nascente mercado de TVs conectadas. Produziu três jogos na plataforma da LG, dois dos quais já foram lançados, e estuda o lançamento de outros cinco produtos para 2012. O presidente da empresa, Mitikazo Koga Lisboa, diz que este ano o segmento de TVs conectadas vai representar cerca de 5% do faturamento de R$ 10 milhões previsto para a empresa.

— O mercado deve crescer continuamente nos próximos anos, para chegar a algo entre 20% e 30% do nosso faturamento em 2013 — afirma.

Aplicativos, por enquanto, são oferecidos gratuitamente

Para a a HXD, o mercado das smart TVs já responde por 70% dos projetos em produção. Dos 12 funcionários, oito estão dedicados exclusivamente a desenvolver aplicativos nas plataformas das fabricantes Panasonic, Philips e LG.

— Estimamos que R$ 5 milhões dos R$ 9 milhões de faturamento previstos para o ano que vem venham desse mercado de TVs conectadas — diz Salustiano Fagundes, presidente da empresa.

Por enquanto, a maior parte dos aplicativos é gratuita. O seu desenvolvimento é bancado por publicidade ou feito sob encomenda, por empresas que queiram entrar nas smart TVs para oferecer conteúdo ou prover serviços. Os desenvolvedores apostam que, com o crescimento do mercado, os aplicativos pagos também se viabilizem.

A mobilização das desenvolvedoras de software começou no início do ano, motivada pelas fabricantes de TV antes mesmo do lançamento das smart TVs no mercado brasileiro. A LG, por exemplo, fez as primeiras encomendas no início do ano, para que os aparelhos que entrassem no mercado em julho já tivessem conteúdo local em português.

— Parte dos aplicativos que temos hoje (220, dos quais 60 criados por brasileiros) foi fomentada internamente, mas já estamos numa segunda leva, que vem da demanda dos fornecedores, seja porque têm um produto, seja porque têm patrocinador — diz Daniel Almeida, gerente de Smart TVs da LG.

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