O Final de "Cordel Encantado": Unanimidade de Público e Crítica

Apesar de conflito "ioiô", Cordel Encantado termina com merecido reconhecimento
[Publicado originalmente no Site UOL Televisão. Texto por Maurício Stycer]

A rara unanimidade alcançada por Cordel Encantado se explica, logicamente, por suas muitas qualidades, visíveis desde o primeiro capítulo, mas também como um sinal do cansaço do público com o modelo que tem dado a tônica da maioria das novelas nos últimos anos.

Somente no penúltimo capítulo, depois de inúmeras
idas e vindas, o vilão Timóteo perdeu a princesa Açucena para o mocinho Jesuíno
Em oposição ao realismo e ao naturalismo da maioria das produções, a novela das 18h apostou, como anunciou seu título, no mundo encantado. Salpicada de elementos da literatura de cordel e dos contos de fada, a história de Duca Rachid e Thelma Guedes seduziu públicos de todas as idades por seu apelo, de fato universal, à fantasia e aos instintos infantis.

Além de um elenco bem escalado, ótimo texto, direção de verdade e padrão de cinema (24 quadros por segundo), como apontei logo depois da estreia, acrescentaria às qualidades os figurinos impecáveis e a fotografia e iluminação realmente impressionantes da novela.

A favor de Cordel Encantado também pesa, na comparação com as novelas das 19h e das 21h, a duração mais curta dos capítulos (40 minutos) e um menor tempo de permanência no ar (cinco meses).

Mesmo assim, a dupla de autoras não foi capaz de evitar a típica enrolação que acomete toda novela, a chamada “barriga”, nem de desenvolver bons conflitos alternativos ao tema principal da trama – a luta do mocinho Jesuíno (Cauã Raymond) contra o vilão Timóteo (Bruno Gagliasso) pelo coração da princesa Açucena (Bianca Bin).

Como bem observou o pesquisador Nilson Xavier, até onde eu sei o primeiro a notar o problema, o conflito entre Jesuíno e Timóteo se transformou numa infinita briga de “Tom & Jerry”, uma espécie de ioiô, sempre voltando ao ponto de partida. De fato, perdi a conta do número de vezes que o vilão conquistou e, em seguida, perdeu o poder em Brogodó.

Ainda assim, a diversão oferecida ao longo dos meses superou, de longe, esta limitação. O saldo de Cordel Encantado é francamente positivo. Entra para o seleto grupo de novelas que o espectador lamenta quando termina.

Em tempo: Entre as inovações de Cordel Encantado, pode-se acrescentar que inverteu a ordem de exibição do último e do penúltimo capítulo. O da véspera foi cheio de emoção e desfechos, incluindo a morte do vilão Timóteo e o casamento de Jesuíno e Açucena em Seráfia. O final, exibido sexta-feira, praticamente não teve emoção nem surpresas, exceto pela apresentação de um novo vilão. Quem sabe não vem aí, algum dia, uma continuação?
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''Cordel Encantado'' termina com 32 pontos no Ibope e leitura de cordel
 [Publicado Originalmente no Site UOL Televisão. Texto por James Cimino]

Jesuíno entrega a coroa de Seráfia ao rei Augusto e volta para Brogodó
Após matar os vilões no penúltimo capítulo, as autoras de Cordel Encantado encerraram a trama das 18h sem grandes conflitos e com mensagens políticas. A última cena mostra Duca Rachid e Thelma Guedes, acompanhadas do elenco, ouvindo a história de Jesuíno (Cauã Reymond) e Açucena (Bianca Bin) contada pela boca de poetas cordelistas. Na sequência, a história foi dedicada "aos poetas populares do Nordeste e aos tropicalistas que, a partir deles, nos reinventaram". O episõdio manteve a média e ficou acima dos 30 pontos no Ibope. Cada ponto equivale a 58 mil domicílios na Grande São Paulo. Os dados ainda são preliminares.

O capítulo mostrou Jesuíno recusando a coroa de Seráfia e entregando-a ao rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia). Ele então se casa com Açucena e resolve voltar a Brogodó. Em discurso, Augusto conta que sua mulher Maria Cesária (Lucy Ramos) está esperando um herdeiro. Logo depois, ele apresenta seu filho mestiço para o povo como Augusto Frederico 4º, o Benvindo, que tem como missão unificar o reino de Seráfia.

Embora o nascimento desse bebê pareça uma mensagem subliminar de unificação social, durante o capítulo houve outra, mais direta, apresentada durante um debate entre os candidatos a prefeito de Brogodó. O príncipe Felipe (Jayme Matarazzo) diz que não fará promessas, mas que sua plataforma de campanha defende o direito à educação e a valorização da cultura. Ele termina eleito.

Após perder a duquesa Úrsula (Débora Bloch), Herculano (Domingos Montagner) é surpreendido pela mãe de Jesuíno, Benvinda (Claudia Ohana), que pede para voltar com ele para o sertão. Houve nascimentos, casamentos, mas os desfechos típicos de um final feliz se encerram com a aparição do coronel Pedro (Caco Ciocler), que veio tomar posse das terras que eram de Timóteo (Bruno Gagliasso). O Profeta (Matheus Nachtegaele), então, dá a mensagem final: “Isso é para que não nos esqueçamos que a maldade sempre vai existir.”

Além da audiência alta, um tuiteiro com perfil falso, mas que aparentemente tem um medidor do Ibope em casa, informava outros dados sobre o público da novela. De acordo com esse perfil, 69% dos telespectadores da novela são mulheres. Informou ainda que 38% da audiência de “Cordel” está na faixa etária acima dos 50 anos. Em termos de classe sociais, ainda segundo esse perfil no Twitter, 38% são das classes A e B, 49% da classe C, e 13% das classes D e E.

Comentários

  1. "Cordel Encantado" foi uma das melhores novelas do horário, nos últimos anos. Thelma Guedes e Duca Rashid entraram no seleto grupo dos melhores autores de teledramaturgia do momento, ao lado de João Emanuel Carneiro e Elizabeth Jhin. A missão da autora Lívia Manzo, com sua "A Vida da Gente", é conservar os bons índices da CE. As chamadas são atraentes. Boa sorte.

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