[Publicado originalmente na Coluna de Parícia Kogut no Segundo Caderno do Jornal O Globo de 31 de outubro de 2011, página 8. Texto também disponível no Blog Patíciakogut.com]
Em priscas eras, a televisão foi um agente congregador da família na sala. Depois do plano real, a classe média passou a poder comprar mais de um aparelho e isso mudou. Com as redes sociais, a brincadeira coletiva voltou com outra configuração. Uma das mais divertidas experiências é assistir a programas trocando ideias no Twitter. As pessoas vibram, praguejam, confraternizam. É um tipo de comunicação que lembra a “fratelança” que se experimenta na arquibancada de um estádio de futebol: sentamos ao lado de um estranho e nos sentimos conectados a ele via um jogo comum.
Com o crescimento das vendas de smartphones, tablets etc, mais gente mantém um olho na TV, outro na internet. Produtor e criador do X-Factor, um dos mais bem-sucedidos programas no ar hoje nos EUA, Simon Cowell declarou ao The New York Times que opera mudanças a cada edição ao sabor das críticas colhidas no microblog: “É como ter milhões de diretores com você”. A coisa ficou tão séria que agora uma nova ferramenta possibilitará ao público votar via uma direct message endereçada à produção da atração.
A NMIncite, braço de mídias sociais da Nielsen, perguntou a espectadores americanos se eles usam as plataformas para interagir com outros fãs de programas e seriados. Os números mostram que sim e mais: a maioria do público é feminina (53%), maior de 35 anos (58%) e não-hispânica (88%). Eles comentam a programação principalmente terça e quarta, quando os canais de lá exibem as séries de mais sucesso.
Semana passada, Aguinaldo Silva comemorou porque a frase “Obrigada, Nazaré Tedesco”, dita em Fina Estampa, ficou em primeiro lugar nos trending topics durante muitas horas depois de ouvida na novela. Outro exemplo de barulho no microblog aconteceu nos capítulos finais de O Astro, na última semana. Enquanto tia Magda (Rosamaria Murtinho) dava o serviço do paradeiro de Herculano (Rodrigo Lombardi) à polícia, os ânimos se exaltaram. “Maligna!” era o mínimo que se teclava. Aliás, o Twitter aflige bastante o aflito, quando o caso é de aflição. Trata-se de um instrumento potencializador de emoções.
Vai ver novela no Twitter, vai... A diversão é garantida.
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