Media: No futuro, vamos poder falar com a televisão


[Publicado originalmente em Jornalismo Porto Net. Alguns termos estão em português de Portugal.]
As televisões estão a mudar. A forma como vemos e interagimos com a televisão é cada vez mais sofisticada e personalizada. As "Smart TV" são a prova da evolução das televisões interativas.
A interatividade com a televisão é algo tão simples como poder selecionar diferentes canais de televisão. É a interação direta ou indireta entre o espetador e o televisor e, posteriormente, os conteúdos televisivos.
O conceito de televisão interativa existe desde há muito tempo, sendo que, em Portugal, o seu ponto de partida aconteceu com o teletexto. O passo seguinte foi uma forma de ligação indireta à televisão, através do uso do telefone para controlar o jogo "Hugo", que surgiu em 1996 e constituiu uma das grandes atrações tecnológicas da altura.
Atualmente, com as "Smart TV" (televisões "inteligentes"), podemos aceder à Internet, às redes sociais e demais aplicações. É possível fazer chamadas de longa distância pelo Skype, por exemplo, que está instalado no sistema da televisão. A Apple TV, a Google TV e o Meo Kanal são alguns dos protagonistas da evolução recente no que diz respeito às "Smart TV". No final de fevereiro, a Meo lançou a possibilidade de cada espetador criar o seu próprio canal e, ainda, um novo comando, que permite marcar um conteúdo com um "gosto", à semelhança do que acontece no Facebook. Também é possível, agora, utilizar smartphones ou tablets para ver televisão fora de casa e até utilizar o telemóvel para fazer "zapping".
As futuras "televisões inteligentes", como um dos mais recentes modelos da nipónica Samsung dá a entender, vão ter microfones e câmaras incorporadas, que permitem o controlo por voz, movimento e reconhecimento facial. Com estes aparelhos, a interatividade vai mais longe e é possível imaginar como seria chegar a casa, dizer "Olá, tv" e o equipamento reconheceria de imediato o nosso rosto e voz, deixando-nos controlar todas as funções apenas com uma palavra ou um gesto.

As novas televisões "inteligentes" vão ter sucesso?

O JPN falou com Rui Rodrigues, professor de engenharia informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), que explicou a evolução da televisão interativa, nomeadamente em Portugal, e os mecanismos agregados às "televisões inteligentes". Rui Rodrigues afirma que, nelas, estão agregadas diferentes tecnologias: engenharia eletrónica, de matérias, informática e da área da ótica. Para quem tem receio que a televisão ligada à web seja pouco segura, o professor garante que existe "segurança informática" associada à privacidade dos dados veiculados pela TV.
Na perspetiva da comunicação e da forma como as pessoas recebem as mudanças tecnológicas, Luís Santos, docente do departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho (UM), diz ao JPN que é a "apropriação que as pessoas fazem" do produto que determina o seu "sucesso ou insucesso". Por isso, é importante perceber se as pessoas querem mesmo este tipo de produtos, tendo em conta que ver televisão é "um ato passivo" e as experiências com a interatividade "não têm tido muito sucesso", relembra.
Luís Santos admite, no entanto, que a interação entre dispositivos "é interessante", mas "não pode ser algo muito complexo". Temos determinadas expetativas em relação aos vários dispositivos mas, na televisão, o docente da UM não crê que estas "vão muito mais além da gravação de programas" ou da "facilidade de ver a programação de cada canal". No que diz respeito ao lançamento das televisões "inteligentes" em Portugal, Luís Santos afirma que, no contexto financeiro em que o país se encontra, a maioria das pessoas apenas "compram um televisor quando não têm outra alternativa".
[Postado por Marina Moreira]

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