Racismo é um dos principais dramas na nova ‘Carrossel’

História do menino pobre Cirilo, que se apaixona por Maria Joaquina, uma colega de classe arrogante, volta à tela: "O preconceito vai existir e será forte como na versão original", diz a autora Iris Abravanel
[Publicado originalmente no jornal O Globo em 07 de maio de 2012 por Márcia Abos]

SÃO PAULO - Em sua quarta empreitada como teledramaturga, Iris Abravanel promete não se intimidar com a patrulha do politicamente correto. A adaptação de “Carrossel” assinada pela mulher de Silvio Santos, que estreia em 21 de maio às 20h30m no SBT, vai abordar o racismo da mesma maneira que a original mexicana de 1989. Negro e pobre, o menino Cirilo (Jean Paulo Santos) se apaixona por uma colega de classe na escola Mundial, a arrogante e preconceituosa Maria Joaquina (Larissa Manoela). Ela o despreza por se achar superior e não mede palavras para ofendê-lo e humilhá-lo.


- O preconceito vai existir e será forte como na versão original. É uma forma de lidarmos com a verdade e dos pais dialogarem com os filhos sobre o assunto. Lembro que quando a versão mexicana era exibida no SBT, minha filha Renata acordou uma noite chorando por causa do sofrimento de Cirilo - disse Iris em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira no SBT.

A adaptação preservou o enredo original, mas trouxe as situações para os dias atuais. Para a autora que já escreveu cerca de 150 do total de 260 capítulos, uma importante atualização foi tratar do uso excessivo de tecnologia.

- Nesses 20 anos, muita coisa mudou e mudou para pior. Violência, trânsito e o uso exagerado da tecnologia serão abordados na novela - explicou a autora, completando que a revolução tecnológica tem também seu lado positivo: - Com as possibilidades que temos hoje para criar efeitos visuais, pude investir em cenas de sonho e imaginação infantil.
Para recriar a professora Helena, interpretada por Rosanne Mulholland, Iris contou que se inspirou em Kate Middleton:

- Kate é a princesa moderna, assim como a professora Helena, toda arrumadinha.
No elenco fixo de 17 crianças, alunos do terceiro ano da escola Mundial, está a apresentadora Maísa Silva, que interpreta Valéria.

- Ser a Valéria está sendo muito especial. Ela é alegre, sorridente, mas sabe também ser brava. Estou achando legal poder trabalhar trejeitos e mudar o “visu”, abandonar os cachinhos, o sapatinho de boneca - disse Maísa.

A novela deve estrear com uma frente de 80 a 90 capítulos gravados, segundo o diretor-geral Reynaldo Boury. Apesar das gravações continuarem a acontecer com a trama no ar, o diretor descarta a possibilidade de fazer ajustes buscando aumentar a audiência.

- É uma história fechada, não dá para mudar muito. A novela é episódica, vai de um núcleo de alunos para outro, como um carrossel mesmo - avalia o diretor, que considera o horário de exibição adequado: - Talvez fosse melhor entrar no ar 30 minutos mais cedo. Mas não vejo problema. As crianças de hoje em dia chegam tarde do colégio, de seus afazeres.

[Postado por Mariana Galvão]

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