Walter carvalho assina fotografia de novela




Cineasta paraibano, que enquadrou os longas "Heleno" e "Central do Brasil", retorna à TV em "Lado a Lado"


Diretor retoma parceria com Dennis Carvalho e Vinícius Coimbra na próxima novela das 18h da Globo




Publicado originalmente na Folha de São Paulo, Ilustrada
Domingo, 22 de julho de 2012, página E5 

ALBERTO PEREIRA JR.
DE SÃO PAULO


Foi de retratos em preto e branco do Rio do começo do século 20 que Walter Carvalho, 65, tirou a inspiração para o seu novo trabalho. O cineasta trocou a tela grande pela TV, onde dirigirá a fotografia de "Lado a Lado", nova novela das seis da Globo.
"É o meu reencontro com a teledramaturgia e com os dois diretores do folhetim, Dennis Carvalho e Vinícius Coimbra", diz o autor do documentário "Raul, o Início, o Fim e o Meio", em cartaz.
Com Dennis, Carvalho teve sua primeira oportunidade na TV, iluminando o especial "Quarta Nobre", da Globo, em 1983. Já Vinícius, ele conheceu no set de "Central do Brasil" (1998).
"Tenho um certo orgulho em dizer que fui o primeiro fotógrafo de cinema nacional que assinou uma novela das nove", gaba-se, aludindo a "Renascer" (1993).
"Vejo de tudo na TV. Adoro videocassetadas. Curiosamente, vejo pouco dramaturgia. É aflitivo ficar assistindo a algo que se desenvolve ao longo de quase um ano."
De João Ximenes Braga e Cláudia Lage, "Lado a Lado" é ambientada no Rio de 1900 e retrata o surgimento das favelas. No início do mês, Walter Carvalho e uma equipe de cem pessoas gravaram no Maranhão as primeiras cenas. "O centro histórico de São Luís se confunde com os casarões do Rio da mesma época, que foram destruídos, num acinte à memória da cidade", lamenta, ao justificar a escolha das locações.
Walter usou três guindastes de 30 metros de altura para iluminar o espaço. "Tecnicamente, sabemos como era o uso do gás, do óleo, mas não qual era o efeito que essa iluminação causava na cidade. Por isso, represento, e não copio o período."

AFINIDADES
 
A aproximação entre as técnicas da TV e do cinema também estimulou Carvalho a embarcar no projeto. "Os suportes digitais, de alta definição, tomaram conta tanto da sala de cinema quanto dos vídeos domésticos", diz.
Apesar das afinidades crescentes entre os meios, ele diz não querer dar à imagem televisiva um tratamento cinematográfico. "Ninguém faz uma xilogravura [gravura em madeira] querendo imitar uma gravura de metal", compara. "Quero criar uma imagem que não seja realista, mas que contenha o real do objeto representado."
Quando sua colaboração de quatro meses em "Lado a Lado" terminar, o diretor dará prosseguimento a dois novos filmes. "Brincante", sobre o dançarino pernambucano Antônio Nóbrega, está em fase de montagem.
O outro, sobre o poeta Armando Freitas Filho, Carvalho faz sem pressa. "Estou usando recursos pessoais e colaboração de amigos da foto, do som e da produção. É quase um filme caseiro."

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