Reality sem antropologia, só se for sem humanos



Publicado originalmente em O Globo, Segundo Caderno, Patrícia Kogut
Sexta-feira, 17 de agosto de 2012, página 06

CRÍTICA

“The week the women went” é uma produção da BBC que acaba de ganhar sua versão na TV americana. Mostra o que se passa quando um grupo de cem mulheres deixa para trás maridos, namorados e filhos em Yemassee, na Carolina do Sul, e ruma para a Flórida por uma semana. É tudo bem previsível: os pais começam a alimentar seus rebentos com miojo, pirulito etc. São cinco episódios. Segundo o “The New York Times”, como sempre nos programas que põem em xeque os valores familiares, as crianças são as estrelas. O jornal destaca Ellie Kate, de 4 anos, que toma café preto e é mais articulada do que o pai ao analisar a dinâmica familiar.
Mais curioso é que o “NYT” fala em “realities antropológicos”, parecendo fundar uma categoria, embora a avaliação seja válida para todos os programas do gênero. O artigo menciona ainda o que chama de uma “fase de experimentosocial dos realities”, em que a TV “investiu em atrações talhadas para seminários de psicologia universitária”. É uma análise correta. No Brasil, quando se dizia o mesmo do “BBB”, uma certa turma fazia piada. A mesma turma que faz TV popular (um pleonasmo), como todos, mas gosta de se ver como praticante de alta cultura e tem o “NYT” como bíblia. Talvez agora vejam com menos preconceito a ideia de que os realities podem sim ser algo mais que pura diversão.

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