'Homeland' imprime ritmo de cinema à TV



Publicado originalmente na Folha de São Paulo, Ilustrada
Domingo, 30 de setembro de 2012, página E7

THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Vencedora dos principais prêmios Emmy na categoria de série dramática, em cerimônia no último domingo, "Homeland" faz mais do que aproveitar a paranoia americana pós-11 de Setembro.
Nos 12 episódios de sua primeira temporada, recém-lançada em DVD no Brasil, o que se vê é uma excelência incomum no roteiro. A inclusão de novas perguntas na trama a cada novo capítulo deixa "Lost" no chinelo.
A comparação estrutural com a série da ilha misteriosa não é gratuita. Como na outra, "Homeland" é viciante e fisga o público cada vez mais confuso com o que vê.
A diferença é que desta vez não há a ação frenética de "Lost" ou de "24 Horas". "Homeland" está carregada de sutilezas no enredo. Cada revelação pode alterar convicções que pareciam muito claras até então.





Para entender: Claire Danes interpreta a agente da CIA Carrie Mathison. Em missão infiltrada em Bagdá, ela recebe a informação de que um soldado americano preso ali foi "convertido", ou seja, serve agora ao grupo Al Qaeda.
Carrie despreza a dica por um motivo muito simples: não há soldados americanos presos no Iraque.
Dez meses depois, o governo americano revela que uma missão secreta retirou de um cativeiro iraquiano o sargento Nicholas Brody (Damian Lewis), dado como morto em combate em 2003.
Recebido como herói em seu país, Brody encontra dificuldades para reassumir seu papel de marido, pai e soldado. Tudo isso sob a vigilância obcecada de Carrie, louca para provar que ele é um agente da Al Qaeda.
O ritmo narrativo empregado em "Homeland" é um pouco lento para os padrões das séries de sucesso, lembra mais um drama de cinema. Mas é nele que roteiristas espertos vão construindo aos poucos os perfis de Brody e de Carrie --a personagem também carrega sua cota de problemas pessoais.
Ao final de cada episódio, o número de pontas desamarradas na trama só aumenta.
Boa parte dos méritos da série pode ser atribuída ao carismático casal de atores.
Claire Danes apareceu ainda adolescente em "Minha Vida de Cão" (1994), sensível série de colegiais. Sua carreira no cinema não emplacou grandes bilheterias, mas a crítica sempre gostou dela.
Damian Lewis é um nome de TV. Brilhou na premiada "Band of Brothers", produzida pela mesma equipe de "Homeland", e foi protagonista da inventiva "Life", drama bem-humorado, que durou duas temporadas, sobre um policial que passa anos preso injustamente.
A química de Claire e Lewis é poderosa, mesmo que passem boa parte da série atuando em cenas separadas.
Não vale contar mais de "Homeland". As reviravoltas na história vão surpreender.
A caixa de DVDs traz um extra precioso: uma cena da segunda temporada, suficiente para esclarecer algumas dúvidas dos fãs e atiçá-los para mais 12 episódios.
A segunda temporada começa a ser exibida no Brasil no próximo dia 7, às 23h, no canal FX. Dá tempo de assistir aos DVDs e correr para acompanhar na TV.
homeland - primeira temporada completa
HOMELAND - PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA
PRODUÇÃO EUA, 2011-2012
LANÇAMENTO Fox
QUANTO R$ 99,90 (box com quatro DVDs)
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO ótimo

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