Merchandising Social nas telenovelas do horário nobre da Rede Globo

Este é o terceiro da série de resumos dos seminários realizados pela turma de TV e Vídeo 2012.1. O presente trabalho foi produzido por Andréa Moraes, no dia 11/10/2012 e abordará o Merchandising Social.


Merchandising Social nas telenovelas do horário nobre da Rede Globo


Merchandising Social são mensagens socioeducativas implantadas na narrativa de uma telenovela, para melhor esclarecer o espectador a respeito de um determinado tema.


Outra característica é a pedagogia explicita na voz de autoridades pedagógicas, como médicos, advogados, psicólogos.

Atualmente a abordagem de determinados temas sociais transformou a novela em verdadeiras campanhas.

O que não é Merchandising Social:

1 – Pedagogia implícita e anônima;
2 – Merchandising Comercial;
3 – Marketing Social.

Sobre Merchandising Comercial (MC):

Existem três tipos mais conhecidos de MC.

1 – Menção no texto;
2 – Uso do produto;
3 – Estímulo visual.

• MC tem um custo médio 98 mil reais por 30 segundos.

• Merchandising Involuntário: quando um objeto ou produto passa a ser “moda” e vinculado a determinado personagem.


Sobre Marketing Social: conhecido como Entretenimento-Educação:

Criado por Miguel Sabido, autor e produtor mexicano → vendo que era possível vender um produto através do MC, pensou que também seria viável vender uma ideia, influenciar o comportamento do telespectador.

O Markenting Social tem algumas características em comum com o MS, mas não são a mesma coisa. Algumas dessas características seriam:

1 – Avaliação de resultados;

2 – Depoimento como reforço pedagógico;
3 – Referência explicita a ONGs ou projetos que apoiem a causa; trazer o Terceiro Setor
para a narrativa.


Breve história da Teledramaturgia

1 – Romance-Folhetim (1838):

Não possuíam um caráter popular. Em uma sociedade escravocrata a escrita era um bem da elite dominante e a grande maioria da população era analfabeta.

O gênero começa a declinar no final do século XIX sem nunca ter sido popular.

2 – A soap-opera (surgiu nos EUA em 1930):

Período da Grande Depressão, o rádio tornou-se um bem de consumo popular forma mais barata de entretenimento. As primeiras soap-operas foram financiadas pela Colgate-Palmolive (óperas de sabão) para vender seus produtos às donas de casa. Eles eram também os produtores.

Se diferencia do folhetim que se organizava em “próximo capítulo”. A soap-opera se desenrola indefinidamente sem ter um fim, não há uma história que seja o fio condutor.

As novelas americanas, mesmo depois de passar para a televisão, até hoje possuem essa característica, podendo permanecer no ar por mais de 20 anos.

3 – Radionovela (surgiu em 1933, em Cuba):

Privilegia a matriz melodramática: o sentido trágico da vida e as narrativas de amor.

No Brasil, a radionovela se consolida por volta de 1940 como um produto de cultura popular. Aos poucos surgem os escritores brasileiros.

4 – Telenovela (1951)

As primeiras telenovelas brasileiras ainda possuíam inspiração cubana, contando com um narrador em off e pouco diálogo.

A partir de 1954 começam adaptações de clássicos estrangeiros do romance-folhetim que já haviam sido adaptados para Hollywood. Essa escolha foi feita em principio pela falta de uma indústria cinematográfica brasileira. A linguagem da câmera na TV era copiada.

5 – Telenovelas a partir da década de 70:

Beto Rockfeller (TV Tupi, a968): considerado a primeira telenovela brasileira com um tratamento mais realista. Não se trata apenas do principio do Bem x Mal e surge um outro tipo de herói, de origem modesta, habitante da cidade e sujeito a erros, um herói humano.

• Curiosidades: os personagens comentavam as noticias da época;

• Trilha sonora deixou de ser temas de orquestra e pela primeira vez foram
utilizados músicas pop da época.

• Primeira novela a usar MC.

• Não existem mais os capítulos da novela, porque a TV Tupi gravava por cima. O pouco que restou está na Cinemateca em SP.

Embora Beto Rockfeller seja da TV Tupi, é a Rede Globo que aprende a rentabilizar as novas descobertas sobre o formato moderno da telenovela, consolidando-se em 1970 como a grande emissora de telenovelas.

O que a Globo buscou foi como retratar, discutir e criticar a realidade brasileira, mas tendo de lidar com a censura da época. Por isso a emissora balanceava temáticas mais realistas com adaptações literárias (estilo que vai sair de moda em 1980).

Na década de 80 as novelas da Globo passam a ser internacionalizadas. Sem concorrentes, a Globo lidera o mercado das telenovelas.

No final dos anos 70 começa uma discussão sobre a função social da telenovela, fazendo os autores se dividirem em três grupos:

• Aqueles que acreditam que a única função da novela é entreter.

• Os que acham que a novela deve oferecer pitadas de conhecimento, tomando cuidado de não passar ao público informações imperfeitas.

• E os autores advindos do teatro e com ideias de esquerda, que não querem apenas ser didáticos, querem conscientizar e fazer o espectador refletir.

Primeiras novelas da globo;

• O Ébrio (1965);

• O Rei dos Ciganos (1966);

• A Sombra de Rebecca (1967);

• Anastácia, a mulher sem destino (1967);

• Sangue e Areia (1967);

• Passo dos Ventos (1968);

• Rosa Rebelde (1969);

• Véu de Noiva (1969): Marca o início das novelas com histórias contemporâneas, urbanas e ambientadas no Brasil.

Década de 1980, começam a aparecer os primeiros sinais do Merchandising
Social.

• Coração Alado (1981): O personagem Alberto Karany Jr. (Mário Cardoso) era diabético e precisava tomar insulina diariamente. A TV Globo recebeu centenas de reclamações dos telespectadores, muitos pais de crianças com diabete. O personagem passou, então, a dispensar a medicação. Porém, a Associação de Diabetes Juvenil realizou uma série de protestos, mostrando que a novela era uma oportunidade de informar a população sobre a doença. A autora decidiu voltar à história original do personagem no capítulo 101.

• Vale Tudo (1988): Considerada a primeira novela a tratar do Merchandising social (tratou do tema alcoolismo);

• De Corpo e Alma (1992): Tratava de transplante e doação de órgãos, campanha que funcionou muito bem: Só na semana de estréia de De Corpo e Alma, o Instituto do Coração (INCOR), em São Paulo, que estava há dois meses sem uma única doação, recebeu nove órgãos para transplante.

Destaque para as telenovelas que tiveram maior impacto social:

• De Corpo e Alma: doação de órgãos;


• Explode Coração (1995 – Glória Perez) e a campanha de crianças desaparecidas.

O romance de Dara (Tereza Seiblitz) e Júlio (Edson Celulari) cedeu espaço na trama para uma campanha de utilidade pública. A autora Gloria Perez incluiu na novela temas como a exploração do trabalho infantil e o desaparecimento de crianças. Unindo ficção e realidade, ela juntou na mesma cena as Mães da Cinelândia – como são chamadas as mulheres que dedicam suas vidas à busca dos filhos desaparecidos – e a personagem Odaísa (Isadora Ribeiro), que procurava o filho Gugu (Luiz Claudio Júnior). A repercussão foi surpreendente: mais de 60 crianças foram encontradas graças à exibição na novela de depoimentos de mães e fotos de filhos desaparecidos.

- O tema das crianças desaparecidas foi divulgado e debatido em programas de rádio e TV, e ganhou cobertura em matérias de jornais e revistas. A movimentação estimulou várias empresas a participar da campanha. Fotos de crianças desaparecidas passaram a ser impressas em bilhetes de loterias e em diversas embalagens. A questão gerou ainda uma campanha realizada no programa Fantástico, em 1998.

• Laços de Família (2000 – Manoel Carlos)

• O Clone (2001 – Glória Perez): dependência química. A Secretaria Nacional Antidrogas de 900 telefonemas passa a receber 6.000. Os 50 jornais mais importantes do país passam a divulgar mais reportagens sobre o assunto.

A Globo possui um grupo responsável por essa área: Projetos Sociais, at gerenciado ualmente por Flávio Oliveira.

[Postado por Mariana Galvão]







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