O que é programa de variedades?



 Este é o segundo da série de resumos dos seminários realizados pela turma de TV e Vídeo 2012.1. O presente trabalho foi produzido por Gabriela Zílio, Marinna Kowalski e Louise  Lyrio e abordará os programas de variedades.

O conceito de programa de variedades é de difícil definição, já que o termo é usado para falar de diversos tipos de programas. As próprias emissoras usam “variedades”, de forma geral, para designar qualquer atração que não tenha uma marcação clara de gênero. Resolvemos adotar uma definição que abarcasse tanto o programa de auditório, comumente chamado de variedades, e o programa de revista, observando o que esses dois tipos tem em comum.

Talvez o fator mais importante do programa de variedades seja a mistura de gêneros. Diferentemente da tendência atual de mistura que se vê em outros tipos de programa, aqui a separação é mais clara, em blocos. A segmentação pode incluir em um mesmo programa gameshows, entrevistas, jornalismo, teledramaturgia, culinária, musical, enfim, todo tipo de atração, porém de forma delimitada e não hierarquizada. Isso também imprime um ritmo mais dinâmico ao programa, já que pode chegar a ter várias horas de duração.

Essa mistura “vários em um” evidencia a estratégia desse gênero de programa e sua função na grade da emissora: busca atrair um público mais amplo possível, oferecendo entretenimento para a família toda. Por ter um público-alvo coletivo, é muito mais fácil encontra-lo na TV aberta, generalista, do que na TV fechada, mais segmentada. O programa de variedades é geralmente o carro-chefe da emissora, e ajuda a definir a sua identidade para o público.

INFLUÊNCIAS NA PALEO E NA NEOTELEVISÃO

O programa de auditório, um dos gêneros televisivos mais antigos (atingiu seu auge de popularidade mundial antes dos anos 1970), pode ser considerado a versão “paleo” do programa de variedades. Nessa fase, a televisão era destinada ao coletivo, era uma televisão geralista, e o apresentador era a figura principal e tinha o monopólio da palavra. A quantidade de programas ao vivo era muito grande. Na realidade, ele representa o momento mais “neo” dentro da paleotelevisão, ou seja, mesmo considerando um modo de recepção e relação com o espectador dentro dos padrões anteriores, mostra uma maior abertura à interatividade e uma mistura de gêneros mais comum na fase seguinte.

Na neotelevisão é o momento em que o contato com o espectador é valorizado – e ele é de fato trazido para dentro da televisão. Envolve a mistura de diferentes gêneros em um só programa: os musicais, os gameshows, as entrevistas, o jornalismo. Ainda assim, continua delimitado: cada seção, cada bloco, funciona com uma certa independência.

O programa de revista, também ligado às variedades, já trabalha de um jeito diferente. A grande diferença entre os dois é que, enquanto um necessita de um apresentador carismático que sustente horas de programação, com um apelo forte de comédia e platéia ao vivo, o outro se torna mais sério, mais respeitável, mas com formatos menos estáticos. Mesmo sem auditório, e portanto com uma diminuição da sensação de contato imediato com o público, o fluxo de um programa de revistas – rápido, fragmentado – é mais atrativo a um espectador acostumado com o zapping.

Nos últimos tempos, também se observa que programas que antes não pertenciam ao gênero “variedades” vem se modificando e se aproximando dessa categoria. A mistura é uma tendência na TV em geral, e, como esse gênero é plural por natureza, os programas que adotam características de outros gêneros acabam por se tornar “variedades”. O programa Mais Você, por exemplo, hoje em dia abarca blocos muito variados, de jornalismo, reality, entrevistas, além é claro de culinária.

VARIEDADES E A HIPERTELEVISÃO

            A Hipertelevisão mostra a convergência mediática sob o controle do telespectador, segundo Eliseo Verón é a fase em que a TV dá a oportunidade aos espectadores decidirem o desfecho dos programas e pela primeira vez eles assumem um protagonismo na televisão. Nessa fase acontece uma aproximação maior entre emissor e receptor, além de contar com a articulação da TV com outras mídias interativas.

Na prática isso ocorre nos programas de variedade de várias formas. Como por exemplo, através de comentários no twitter/facebook geralmente durante o programa. Em geral, esse formato de programa não é um grande alvo desse tipo de interação, por uma questão de publico alvo, já que programas de variedades são muito generalistas e abrangem um telespectador que não se encaixa necessariamente no perfil dos jovens que usam ativamente as redes socias. Mas apesar disso, alguns quadros são alvo de enxurrada de comentários quando se tratam de questões polêmicas como a entrevista da Xuxa no Fantástico.

Todos os programas tem um site específico dentro do portal do canal, na maioria deles as pessoas podem “curti-los” no Facebook ou segui-los no twitter e assim tem acesso a novidades do programa nas devidas timelines. Dentro dos sites as pessoas também podem se inscrever nos quadros como no caso do “Lata-Velha” no Caldeirão do Huck e também mandar conteúdo como por exemplo videos para o “Bola-Cheia/Bola-Murcha” do Fantástico.

Ainda dentro dos sites há conteúdo exclusivo pra internet, e dentro dos programas as vezes ocorrem chamadas pra o telespectador ir até o site pra conferi-lo. Há em alguns uma área que mostra uma seleção de “twits” de pessoas comentando sobre o programa. Enquetes também são muito comuns e as vezes até mesmo testes tipo “quiz”. No site do programa “Encontro com Fátima Bernardes” há até jogos e tutoriais relacionados aos assuntos dos programas recentes.


Em geral, o conteúdo transmídia relacionado aos programas de variedades é bem raso, pouco e mal explorado, o que deve-se a esse público-alvo que não a princípio não tem tamanha intimidade com redes sociais e a internet como um todo, o que é algo que pode mudar de acordo com os anos e o passar das gerações.

REFERÊNCIAS

ARONCHI DE SOUZA, José Carlos. Gêneros e formatos na televisão brasileira
ARONCHI DE SOUZA, José Carlos. Formatação de programas de TV e sua influência para a classificação do gênero
MUANIS, Felipe. O tempo morto na hipertelevisão.

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