Rio para na exibição do último capítulo de 'Avenida Brasil'


Trânsito livre, ruas vazias e, nos bares, televisões sintonizadas na novela.

Publicado originalmente em O Globo
Sábado, 20 de outubro de 2012, página 13

RENATA LEITE E ZEAN BRAVO

RIO — A ficção alterou a realidade. O desfecho da vilã Carminha (Adriana Esteves), assassina confessa de Max (Marcello Novaes), parou o Rio de Janeiro numa noite em que a boemia toma conta de cidade. Antes mesmo do horário de “Avenida Brasil” — que teve seus mistérios solucionados no aguardado último capítulo especial, com duração de 70 minutos, exibido nesta sexta-feira pela TV Globo — o trânsito da cidade estava mais desafogado que o habitual. Muita gente trocou o chope depois do trabalho pelo caminho de casa. Bares que costumam estar lotados nesta hora (a novela começou às 21h10m), registraram um movimento menor. Nos estabelecimentos que estavam cheios, todos os olhares se voltaram para as TVs e os telões montados.

Na Zona Sul, a Cobal do Leblon se preparou para o último capítulo da trama escrita por João Emanuel Carneiro com dois telões. Mas a movimentação não foi a esperada.
— Numa sexta-feira normal o restaurante estaria mais cheio. A exibição da novela não atrai tanto o público, que prefere assistir ao capítulo em casa — comparou Genério Sampaio, gerente do restaurante Pizza Park.
Apesar de ter feito aniversário na semana passada, a consultora de moda ótica Márcia Scheiner deixou para comemorar com seu grupo de amigos na noite do último capítulo da trama.
— A desculpa para estamos aqui é o meu aniversário, mas é claro que todo mundo veio mesmo para ver a novela — admitiu Márcia, fã do núcleo do Divino, o subúrbio da trama. — Moro na Zona Sul, mas o modo de vida do subúrbio da novela pareceu bacana. As pessoas não têm preconceito.
Já no Clipper, também no Leblon, os clientes deixaram o bar antes do início do capítulo.
— Foi todo mundo para a casa — observou Antônio Vieira Silva, um dos donos do bar.
Na Tijuca, bares lotados e TVs sintonizadas em “Avenida Brasil”. No Rota 66, na Praça Vanhargem, havia rodada de chope grátis para a mesa que oferecesse o palpite certo sobre o assassino de Max.
— A gente exibe jogos de futebol, mas novela foi a primeira vez — contou o gerente Francisco das Chagas.
No Teatro Rival, na Cinelândia, a cantora Teresa Cristina não quis concorrer com a “estrela da noite”. Ela encerrou seu show pontualmente às 21h para dar tempo de todo mundo ir ao banheiro, pegar mais uma cerveja e ver o último capítulo no telão montado no palco.
— Desde “Vale tudo” (1988) não via uma novela que causasse comoção como essa — diz Teresa, que fez show ao lado da mãe, Hilda, de 72 anos, também fã da família Tufão: — Quando Carminha foi desmascarada, cada tapa que ela levava era comemorado como se fosse um gol. Quando soube que o show cairia na noite do último capítulo, pensei em botar um telão para que eu não perdesse a novela e o público também. Concordei com a redenção da Carminha no fim, a mensagem do perdão é importante.

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