A internet é de muitos, mas também para poucos.

 

Problemas de conexão com internet valorizam a qualidade da imagem na tv.


Publicado originalmente no jornal O Globo, Segundo Caderno, pag. 8
Segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Patricia Kogut.

A internet já é uma concorrente da televisão, mas alguns fenômenos mostram que de forma ainda bem secundária. Há obstáculos grandes de infraestrutura quando se fala de consumo de massa.
Mesmo com uma conexão alta, o freguês pode não conseguir assistir ao seu programa favorito via AppleTV ou Netflix, por exemplo — dois serviços de televisão por streaming. Basta que esse programa, mesmo um dia depois de ir ao ar pela TV, continue atraindo multidões.

É o que vem acontecendo sistematicamente com “The walking dead” (foto acima), uma série de muito sucesso nos EUA. Ela chega à Apple no dia seguinte em que é exibida no canal americano AMC. Só que o freguês se instala preparado para se deliciar com aquela antropofagia generalizada e nem sempre logra sucesso. Com frequência, a rede, sobrecarregada, emperra, incapaz de servir simultaneamente a tantos usuários. Só se você for muito ansioso vai tolerar acompanhar o episódio aos soluços — isso se não receber aquela mensagem sem graça: “pronto para assistir em três horas”.

A solução é deixar para depois. A própria Apple, ciente das limitações do serviço, recomenda que, em momentos de fluxo intenso, se baixe a resolução da emissão. O fã mais apressado acaba engolindo a imagem lavada, equivalente à de um CD baixado por qualquer zé mané. No caso de “The walking dead”, mesmo três dias depois da primeira exibição, a procura era tanta que, pelo menos lá em casa, a própria Apple reduziu a qualidade da imagem que estava oferecendo ao espectador.

Ou seja, a internet desanda — ainda — em períodos de pico, embora funcione muito bem naqueles de fluxo médio. Um exemplo histórico foi o do dia da morte de Michael Jackson, em 2009. O volume gigantesco de buscas pelo nome do cantor causou pane no gigante Google, que caiu por mais de 30 minutos. Quem ganhou? As redes de televisão do mundo todo. Hoje, quem quiser ver ao vivo sem risco de queda de sinal ou sacrifício da qualidade da imagem tem que ligar a TV.

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