Diálogos de novela incorporam literatura do início do século 20



Publicado originalmente no caderdo Ilustrada, Folha de São Paulo

Domingo, 9 de dezembro de 2012





ALBERTO PEREIRA JR.


Os escritores Lima Barreto, Olavo Bilac e João do Rio deixaram de ser mera inspiração para João Ximenes Braga e Claudia Lage, autores de "Lado a Lado", novela da Globo.
Assim como aconteceu em "Avenida Brasil", quando clássicos literários foram incorporados à vida dos personagens, a novela tem estabelecido diálogo com a literatura. Dessa vez, a nacional.
"Os personagens conversam sobre livros porque era um assunto natural", diz Braga, sobre a trama ambientada no início do século 20.
"Metade da população da cidade foi ao enterro do João do Rio, em 1921. Se eu souber que pelo menos uma pessoa se interessou pela obra deles a partir da novela, fico feliz."
Numa das cenas da novela, quando a mocinha Isabel (Camila Pitanga) foi abandonada no altar, ela citou trecho de "Clara dos Anjos", de Lima Barreto: "Às vezes eu penso que não sou nada nessa vida".
A verve política das crônicas do autor também apareceu na fala de Guerra (Emílio de Mello): "A única preocupação do prefeito é dividir esta cidade em duas, uma europeia, outra que parece uma aldeia de índios".
Segundo Braga, não há orientação da Globo sobre as citações. "Não sei se é tendência. Mas boa parte das novelas adapta clássicos da literatura, como 'Escrava Isaura'", diz.



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