A TV por assinatura perdeu o direito ao experimentalismo



Publicado originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv

Terça-feira, 15 de janeiro de 2013, 09h00

Patrícia Kogut

A nota zero da coluna de ontem, para canais a cabo que anunciam programas que já foram ao ar como se fossem atrações vindouras, é uma das expressões do desleixo reinante. Mas não a única. Veja o que escreve o amigo e coleguinha Rogério Durst: “Acabo de ver o episódio de hoje (domingo) do ‘Top chef’, programa que mora em meu coração e estômago. No intervalo, logo antes do anúncio do eliminado da semana, a Sony exibiu um reclame do programa da semana que vem, no qual apareciam todos os concorrentes, menos Fábio. Volta a exibição e é anunciado o eliminado: Fábio”.

Rogério ficou irritado e com todos os motivos. No caso do reality que ele acompanha com tanto gosto, acabaram com o principal: o quem matou Odete Roitman. Mas as chamadas fora de hora, embora não tirem a graça de um desfecho, demonstram inaceitável pouco caso com o público.

Quando a televisão por assinatura chegou aqui, há mais de 20 anos, ela tinha poucos adeptos. Com isso, errar não só era comum, como quase permitido. As derrapadas, às vezes graves, passavam quase em branco. Esse amadorismo inicial serviu para formar um monte de profissionais da melhor qualidade na base do erro e do acerto, um método de aprendizado luxuoso.

Essa hora passou. O Brasil fechou agosto de 2012 com mais de 15,1 milhões de domicílios com TV por assinatura. É uma evolução de 2,16% em relação a julho de 2012 e de 30% em comparação com agosto de 2011. Todas as projeções dizem que isso é só o começo. Por essas e outras, acabou a possibilidade de sobreviver no experimentalismo. Esses milhões de telespectadores prestam atenção em tudo. Mais que o controle remoto na mão, podem se desligar da carteira de assinantes. Abram o olho.

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