TVs públicas e educativas da América Latina apostam em coproduções para driblar falta de recursos

 
 
Publicado originalmente no Portal EBC
 
Sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
 
 
 
 
 
VINICIUS LISBOA
 
 
Rio de Janeiro- Unidas pelas dificuldades de captar recursos para produzir seus próprios programas, as TVs públicas e educativas da América Latina estão apostando em coproduções para enriquecer a programação e veicular conteúdos que reflitam a identidade do continente. A estratégia foi um dos principais pontos abordados hoje (22) em um encontro de representantes de quatro canais de TV do Equador, México, Colômbia e Chile, no evento Rio Content Market, que termina hoje (22).

Marcelo Del Pozo, diretor de Programação da EcuadorTV, a TV pública equatoriana, expôs uma tabela mostrando que uma produção própria, seja ela uma série, um filme ou um documentário, custa em média 20 vezes mais do que comprar uma pronta de grupos estrangeiros como a BBC e o Discovery.

Dessa dificuldade, surgiu a iniciativa de investir em produções em rede, que envolvem canais de até dez países na produção de um seriado, por exemplo. Cada um fica responsável por produzir um pequeno número de capítulos e todos ganham o direito a exibir a quantidade total, que seria inviável de produzir apenas com recursos próprios. "Só com coproduções podemos produzir conteúdo de qualidade e com baixo custo", disse Marcelo.

Com programação menos comercial, os representantes dos canais também falaram de como despertar o interesse do público. Para o diretor da TV equatoriana, o sucesso dos canais públicos não pode ser medido por audiência. "O resultado deve ser medido pela identidade gerada, o incremento da cidadania e o espaço para a produção independente".

Executiva de desenvolvimento de programação audiovisual do canal privado chileno ARTV, Veronica Calabi falou sobre a estratégia usada pela ARTV para renovar o público. "Apostamos em conteúdos experimentais e artísticos, arte contemporânea e óperas modernas". De acordo com ela, a iniciativa baixou a média de idade dos espectadores de entre 60 e 70 anos para entre 35 e 40 anos.

Abel Flores, gerente de programação do canal público do México, destacou o papel de seu canal em se diferenciar da TV comercial mexicana, famosa pela produção de novelas exportadas para todo o mundo pela Televisa. "Nas feiras internacionais, costumam perguntar sobre nossas novelas. Quando se pensa em TV mexicana, se pensa nelas, mas temos que ser uma alternativa a isso. Em nossos programas, buscamos a formação de telespectadores críticos". Ele explicou que, mesmo em atrações voltadas para crianças e adolescentes, o canal 22 tenta estimular a leitura e o gosto pela arte.

O incentivo cultural, para Abel, pode se dar em formatos bem-sucedidos na TV comercial, como os reality shows. "criamos o reality Opera Prima, em que selecionamos jovens cantores de ópera. Fez tanto sucesso que fizemos uma segunda edição com balé clássico e agora estamos na terceira, com dança contemporânea".

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