Publicado originalmente no site: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada
Terça-feira, 12 de março de 2013, 15h25
Juliana Gragnani
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, anunciou nesta terça-feira (12) que o Vale-Cultura não poderá mais ser usado para pagar TVs por assinatura, conforme ela tinha anunciado no mês passado. O benefício de R$ 50 mensais deve ser distribuído a partir do próximo semestre.
"Pensei em colocar as TVs por assinatura, mas abandonei a ideia por conta da movimentação cultural", afirmou no discurso de abertura do "The forum for global change", em São Paulo, em que falou sobre o "soft power" brasileiro. Marta disse que tomou a decisão após telefonemas, conversas e a participação nos fóruns de cultura em Belo Horizonte. "Eu escuto, penso nos prós e contras, vou pesando", disse.
Marta já tinha demonstrado preocupação com uma possível concentração de gastos do Vale-Cultura com assinaturas de TV fechada. "Nós falamos [a prefeitos de cidades pequenas em encontro em Brasília]: 'Estimulem a produção cultural da sua cidade, porque senão o dinheiro vai pra outro lugar. Vai pra TV a cabo ou pra outros lugares'",disse em entrevista.
Já sobre a utilização do Vale-Cultura para comprar jogos virtuais, pleito do segmento de games do país, ela afirmou: "nem pensar!"
Sancionado em dezembro, o benefício de R$ 50 mensais será destinado a trabalhadores que recebam até cinco salários mínimos de empresas que aderirem ao programa. Dos R$ 50 do Vale-Cultura, que foi comparado pela ministra da Cultura a cartões de crédito e vale-refeição, R$ 45 serão financiados pelo governo federal, via renúncia fiscal --com abatimento de até 1% do imposto de renda--, e os R$ 5 restantes serão pagos pelo trabalhador ou pela empresa.
Desde o lançamento, a ministra vem enfatizando que a escolha de como gastar o benefício independe do governo. "Pode comprar revista porcaria. O trabalhador decide", disse em janeiro no programa "Bom Dia, Ministro", da Empresa Brasileira de Comunicação.
Estima-se que no primeiro ano cerca de 1 milhão de trabalhadores serão contemplados com o Vale-Cultura. Segundo o MinC, 18,8 milhões de trabalhadores podem ser beneficiados --até dezembro passado, quando a lei foi sancionada, falava-se em 12 milhões de trabalhadores.
O ministério estima ainda que o Vale-Cultura pode custar até R$ 10 bilhões aos cofres públicos a partir do ano que vem.
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