Diretor não é a figura principal, afirma criador de "CSI"



Publicado originalmente no site: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada

Terça-feira, 19 de março de 2013, 03h36

Lucas Vettorazzo


Regulamentada em junho de 2012, a lei que determina que os canais de TV pagos devem exibir uma cota semanal mínima de produções brasileiras abriu espaço para o desenvolvimento do mercado nacional de roteiristas de séries de televisão. Mas, para o setor deslanchar, o Brasil precisa repensar a figura do diretor nas produções.

A dica vem do criador e produtor executivo da série americana "CSI", Anthony Zuiker, para quem há um entendimento errado por aqui de que o diretor é a principal figura num set de filmagem.

"No meu negócio, o mais importante são os 'showrunners' e os roteiristas. O diretor vem para elevar o nível do projeto, mas não para liderá-lo", disse Zuiker à Folha.

O "showrunner" é uma mistura de roteirista com produtor-executivo, um profissional que mescla habilidades de escrita e conhecimento do mercado e que, segundo Zuiker, é fundamental para qualquer série dramática que se proponha a ficar no ar por mais de uma temporada.

O "showrunner", diz o produtor de "CSI", é o responsável por fazer as adaptações na trama, guiar o trabalho da equipe de roteiristas e também escolher os atores.

FRANQUIA DE SUCESSO

Zuiker fala com conhecimento de causa. A franquia "CSI" --"Las Vegas", "Miami" e "Nova York"-- completou 13 temporadas e mais de 800 episódios exibidos. Seu império vale hoje US$ 8 bilhões (cerca de R$ 16 milhões).

"O meu conselho é que governo e iniciativa privada criem programas para que surjam 'showrunners' no Brasil. Quando escrevi 'CSI', tinha 30 anos e, se não fosse a ajuda de dois 'showrunners' com mais de 25 anos de experiência, eu não conseguiria tocar o projeto", afirmou.

A dica que Zuiker dá para os jovens roteiristas, que têm na lei de reserva de mercado uma oportunidade de ver seus trabalhos encenados na televisão, é produzir primeiro para a internet, criar personagens e identificar o público alvo antes de vender os pilotos para os canais de TV.

Zuiker falou à Folha antes de dar a palestra de encerramento do primeiro Programa Globosat de Desenvolvimento de Roteiristas, que reuniu desde janeiro cerca de 400 pessoas, entre roteiristas, produtores e diretores no Rio.

Esta é a primeira visita do roteirista ao Brasil. Nos três dias em que passou no Rio, disse ter visto muitos cenários que caberiam às séries.

Questionado se um "CSI Rio" não poderia ser incluído em seus planos, ele negou. E brincou: "Estou pensando em fazer o 'Rio Crime'. Seria uma mistura de 'CSI', 'Tropa de Elite' e '50 Tons de Cinza'. Tudo isso com uma bela mulher como protagonista".

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