As novelas se parecem, mas marca autoral ajuda a fazer a diferença



Publicado  originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com

Sexta-feira, 24 de maio de 2013, 09h05

Patricia Kogut



Os elencos das novelas se repetem com muita frequência. Seus temas também. Em “Amor à vida”, de Walcyr Carrasco, Paloma (Paolla Oliveira) deu à luz uma menina na mesma noite em que nasceu o bebê de Luana (Gabriela Duarte). A mocinha teve seu rebento roubado pelo irmão. Com pior sorte, a outra morreu no parto, junto com a criança.

Em “Por amor”, de Manoel Carlos, Regina e Gabriela Duarte eram mãe e filha e foram juntas para a maternidade numa noite de tempestade. Entre raios e trovões, Helena, num gesto extremo, trocou seu bebê saudável pelo natimorto de Eduarda, a moça mimada (mas inocente no caso do crime).

Outra abdução de prole aconteceu em “Senhora do destino”, de Aguinaldo Silva. Susana Vieira (agora a mãe de Paolla) era Maria do Carmo, valorosa empresária do ramo de material de construção que teve a filha subtraída quando ainda bebê. A malfeitora era Nazaré Tedesco (em inesquecível interpretação de Renata Sorrah). A verdadeira mãe passou os mais de oito meses da novela tentando descobrir o paradeiro da garota até, claro, finalmente conseguir.

Em “Sangue bom”, de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, o herói, Bento (Marco Pigossi), mal imagina que seu pai é Wilson (Marco Ricca). Aliás, nem Wilson sabe que é pai do florista. Tudo porque Glória (Yoná Magalhães), a avó, o entregou, ainda recém-nascido, para Silvério (Norival Rizzo). Ela fez isso para esconder o fato de que a filha — morta no parto, olha aí de novo — teve um relacionamento com o motorista da família. Sem saber de nada, Bento e Wilson se detestam. Claro, a reconciliação é sempre nos últimos capítulos.

Tudo se parece, mas não é bem assim. Uma troca de bebês por Manoel Carlos jamais será igual à que escreveria Aguinaldo Silva e daí por diante. A marca do autor trabalha para que todas essas coincidências se apartem.

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