Candidato "alternativo" à TV Cultura, Carlos Augusto Calil anuncia sua desistência



Publicado originalmente no site: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada

Terça-feira, 07 de maio de 2013, 03h23

Silvana Arantes

Carlos Augusto Calil, professor da ECA-USP e ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo (2005-2012), anunciou na segunda-feira (6) que desistiu de disputar a presidência da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.

Em carta ao advogado Belisário Santos Jr., presidente do Conselho Curador da fundação --que elegerá seu novo presidente na próxima segunda-- Calil disse ter desistido da disputa porque o número de conselheiros necessário para registrar sua candidatura era "insuficiente".

Para se inscrever, um candidato deve ter apoio de ao menos oito entre os 26 conselheiros eletivos ou vitalícios. Marcos Mendonça, ex-presidente da fundação (2004- 2007), somava 19 apoios.

A Folha apurou que apoiadores de Calil tentariam reverter o quadro até às 18h de ontem, prazo final de inscrições. O atual presidente da fundação, João Sayad, deixa o cargo em junho. Ele desistiu de tentar a reeleição após receber indicações de que Mendonça seria o candidato favorito do governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB).

Na segunda, a Folha publicou um artigo assinado por Sayad intitulado "Taxonomia dos ratos", em que ele aborda a corrupção no setor público.

O texto faz distinção entre a "corrupção 'a la grande', associada a investimentos públicos enormes" e a do "corrupto 'petit cash', que instala-se em organizações públicas menores, nas quais pode atender a fisiologia e necessidades de financiamento eleitoral sem ser percebido".

Ouvido pela Folha, Mendonça disse não ver "nenhuma ligação dessas questões" com sua gestão na TV Cultura. "A gente conseguiu um controle rigoroso das despesas e dos gastos, dando superavit. Todas as minhas contas foram regularmente aprovadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas."

O economista Roberto Teixeira da Costa, que propôs o nome de Calil como candidato alternativo,"para não ficar no samba de uma nota só", classifica o artigo como "um desabafo". Ele diz ter "uma suspeita" sobre a quem se endereça o artigo, "mas suspeição não pode ser declarada".

O conselheiro e ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) diz que, se o artigo de Sayad "fez alguma referência à fundação, ele tem a obrigação de ser mais explícito. A indignação só não basta."

Belisário Santos Jr. afirma ter "a convicção de que Sayad não se refere à TV Cultura, já que teve tempo para apurar qualquer coisa de errado que tenha acontecido e nunca trouxe ao conselho nada contra gestões anteriores".

Procurado pela Folha, Sayad afirmou, via assessoria de imprensa, que tudo o que tinha a dizer sobre o assunto estava em seu artigo.

A Folha tentou ouvir Alckmin sobre a menção de Sayad à prática de corrupção no setor público. Sua assessoria respondeu que "ele [Sayad] não menciona [no artigo] instituição nenhuma. Se você supõe que é a fundação, vá ouvir o Ministério Público."

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