Na década de 1950, quando tiveram início as transmissões de TV no Brasil, funcionários do Ibope saíam batendo de porta em porta, perguntando: que canal você está sintonizando agora?
Publicado originalmente no site: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada
Quinta-feira, 05 de abril de 2013, 03h02
Keila Jimenez
Seis décadas depois, os aparelhos de TV estão em 95% dos domicílios brasileiros e quem quer bater à porta são os alemães: o instituto GfK, que pretende concorrer com o Ibope na aferição da audiência de TV no Brasil.
As conversas do GfK com seus potenciais clientes --emissoras e agências de publicidade-- começaram em dezembro de 2012.
O instituto, que atua em mais de cem países, entre eles EUA, Holanda e Portugal, e é a quarta maior empresa de pesquisa do mundo, planeja quebrar o monopólio do setor no Brasil: o Ibope é o único a aferir a audiência da TV.
Record e SBT, que disputam o segundo lugar no ranking de audiência da TV aberta e que sempre questionam dados do Ibope, foram as primeiras a ouvirem a proposta dos alemães. Mas logo RedeTV!, Band e Globo se interessaram pela novidade.
O GfK oferece amostragem de pesquisa maior que a do Ibope, peoplemeters (aparelhos instalados nas residências para aferir a audiência) mais modernos e dois serviços ainda não implementados pelo Ibope: medição de audiência de programas gravados e assistidos depois pelo espectador e, mais adiante, daqueles vistos em tablets, computadores e celulares.
Na fase inicial, o GfK planeja aferir audiência da TV aberta e da TV paga em 15 regiões do país, com amostragem de 8.000 domicílios --35% maior que a do Ibope.
O serviço deve entrar em funcionamento um ano após a assinatura dos contratos. Procurados, Globo, Record, SBT, Band, RedeTV! e GfK confirmam as negociações, mas não revelam detalhes.
"Não é a primeira vez que outro instituto tenta medir audiência no país", diz Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope. "Mas não há espaço para dois [neste mercado]. No mundo inteiro é assim: só um fica."
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