Séries sobre política e seus temas laterais: ética e machismo



Publicado originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv

Terça-feira, 14 de maio de 2013, 09h05

Patrícia Kogut


Quem não tem Kevin Spacey caça com Sigouney Weaver. Trocando em miúdos, se você já assistiu a toda a primeira temporada do excelente “House of cards” (na Netflix) e gosta de séries sobre política pode sintonizar em “Political animals” (aqui exibida na HBO). O programa fez sucesso de crítica — mas não de público — nos Estados Unidos e acabou cancelado.

É uma espécie de roman à la clef francamente inspirado em Hillary Clinton. A personagem central, papel de Sigourney, é a secretária de estado americana, casada com um ex-presidente muito, mas muito galinha. A relação conjugal corre trançada aos acontecimentos da vida pública de ambos, que têm filhos gêmeos. Um deles, o bom rapaz. O outro, viciado em drogas e com um drive suicida. A cereja do bolo dessa família deliciosamente disfuncional é Ellen Burstyn, a avó, ex-vedete em Las Vegas.

O mar de séries que contam com a imagem do capitólio em suas vinhetas está em expansão. Um dos grandes sucessos do gênero atualmente é “Scandal”, que ainda não chegou à TV brasileira, mas cuja primeira temporada já saiu em DVD. A produção segue os passos de Olivia Pope (Kerry Washington, a Brumhilda de “Django”), especialista em proteger figuras proeminentes de escândalos, como o título aponta. Dos três programas aqui citados, é o mais fraco, embora não totalmente desprezível.

Tanto “House of cards” quanto “Political animals” e “Scandal” tratam da Casa Branca e afins, mas em todos há um jornalista de destaque e a ética desse profissional é questionada. Em dois casos — “House” e “Political” — são mulheres que se envolvem sexualmente com figuras-chave do poder. Machismo, feminismo, a sedução para obter favores, a divisão entre a dedicação à carreira e a maternidade, tudo isso move esses programas de uma maneira ou de outra. São velhos temas que se renovam e ganham força. Vale conferir.

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