As redes sociais a serviço do showbiz


Empresas das áreas de música, TV e cinema investem no cruzamento entre on-line e off-line para criar burburinho nas redes sociais e mudar a forma como consumimos cultura na era digital


Publicado originalmente no site: http://veja.abril.com.br/noticia

Domingo, 02 de junho de 2013, 17h05

Carol Nogueira


As redes sociais são, hoje, o segundo meio de divulgação mais influente no mundo – só perdem para a televisão. Um estudo feito no ano passado pela agência de publicidade Ogilvy, uma das gigantes da área, mostrou que 70% das marcas americanas pretendem investir até 10% de seus orçamentos nos próximos anos em sites como o Twitter e o Facebook. Ainda longe de refletir o emprego tradicional da publicidade – o de aumentar vendas e lucros –, essas novas estratégias digitais já garantem às marcas contudo algo que, como diz aquele slogan, não tem preço: visibilidade e influência entre os consumidores. Dados divulgados pela empresa de análises Experian no começo deste ano mostram que 46% dos usuários on-line levam em consideração comentários feitos em redes sociais antes de fazer uma compra.

Há tempos se discute a importância da chamada “social TV”, a troca entre os espectadores nas redes sociais sobre a experiência de assistir a determinado programa na televisão – prova disso é o estouro de produtos televisivos trash como "A Usurpadora" ou mesmo a novela "Salve Jorge", que teve uma melhora no Ibope após suas falhas virarem meme na internet. Foi de olho nisso que a Sony Pictures Television desenvolveu um aplicativo de segunda tela para "Hannibal", sobre o assassino em série "Hannibal Lecter", que é interpretado pelo ator Mads Mikkelsen. Quem assiste pode abrir o aplicativo no iPad ou smartphone, e ele então “acompanha” o episódio que está sendo assistido e começa a exibir curiosidades, detalhes sobre a cena, notas de produção, entre outros, e também permite que se comente nas redes sociais ao mesmo tempo. “Por se tratar de um personagem que já existia na ficção, percebemos que as pessoas buscavam informações além do que era mostrado na televisão. Elas vão atrás de livros e da internet para saber mais sobre o personagem e sobre a história, então, proporcionamos isso na tela”, diz Eric Berger, vice-presidente de conteúdo digital da Sony Pictures Television, que supervisionou a criação do aplicativo.

Segundo Berger, o programa aumenta o envolvimento do espectador com a série, consequentemente melhorando sua experiência e fazendo com que ele queira continuar assistindo. Atualmente, o app de Hannibal está disponível em 37 países, cada um com seu próprio idioma. O Brasil é líder de downloads do programa, diz o executivo, que não revela o número de usuários no país. De acordo com o site Trendrr.TV, que monitora as menções a programas de TV nas redes, Hannibal teve média diária de 45.555 menções em abril no mundo todo – em comparação, American Idol registrou 248.424. Esse tipo de aplicativo é interessante também para os anunciantes, que conseguem se comunicar com o consumidor de forma direta. O futuro, diz o vice-presidente da Sony, é que usar os dados dos espectadores para oferecer propaganda customizada.

A perfeita integração dos produtos com as redes sociais ainda não chegou ao cinema – até porque seria meio chato se a pessoa na sua frente resolvesse sacar o iPad no meio do filme –, mas o longa "O Grande Gatsby", baseado na obra clássica do escritor americano F. Scott Fitzgerald e estrelado por Leonardo DiCaprio, com estreia no Brasil marcada para 7 de junho, deu um passo adiante em sua divulgação, feita quase que exclusivamente nas redes. A trilha sonora do longa, que consta com grandes nomes como Beyoncé e Lana Del Rey e é um dos seus maiores atrativos, foi liberada aos poucos, e ganhou repercussão a cada nova faixa divulgada.

Paralelo a isso, marcas que patrocinam o filme como a joalheria Tiffany & Co. e a grife Brooks Brothers usaram as redes Pinterest e Facebook, respectivamente, para mostrar os figurinos criados por elas para o longa, o que também causou burburinho. Até mesmo os pôsteres do longa, espalhados nas principais cidades do mundo, acabaram no Instagram de fãs de cinema, de tão chamativos que eram. Como todos saem ganhando, a tendência, ao que tudo indica, veio para ficar. E, como nunca é demais repetir em se tratando de internet, isso é só o começo.

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