Vai que cola’ aposta na presença da plateia para se conectar com o telespectador



Publicado originalmente no site: http://oglobo.globo.com/revista-da-tv

Domingo, 16 de junho de 2013, 08h00

Thais Britto


O cenário giratório é a base conceitual do “Vai que cola”, série de humor que o Multishow estreia dia 8 de julho às 22h30m. Christian Machado, gerente de produção artística do canal, queria “uma coisa que não parasse”, nas palavras de César Rodrigues, um dos diretores da atração. A partir daí, ele entrou em cena ao lado de João Fonseca, o outro diretor, para construir o restante do programa. Com 40 episódios e formato de sitcom, o humorístico narra o cotidiano dos moradores de uma pensão na Zona Norte do Rio. A novidade, explicam os diretores, está no uso dramatúrgico que se faz da plateia.

— O tempo inteiro a gente buscou conciliar essa presença e transformá-la num personagem do programa. Mais do que figuração ou elemento cenográfico, ela tem presença na dramaturgia. A gente assume, para a pessoa que está assistindo na TV, que aquilo ali também é teatro, usando às vezes até contraplanos da relação da cena com a plateia. Mas não é aquela coisa de gravar as pessoas rindo ou aplaudindo e inserir entre cenas. É a reação àquela cena específica. Porque aí quem está em casa se vê na mesma situação e se identifica — detalha Rodrigues.

Transferir a experiência do público que assiste à gravação para aquele que está acompanhando pela TV é o maior desafio da dupla. Mas a escolha do elenco facilitou um pouco o trabalho, diz Rodrigues:

—É uma das coisas mais antigas da televisão fazer essa sensação do ao vivo. O que existe é a reunião de talentos. Esse tipo de formato só dá certo de fato porque é a junção de atores talentosos, com um carisma incrível.

E, para os atores, também, a plateia só ajuda.

— Eles ficam acesos com a plateia. É uma adrenalina muito diferente. E é ótimo ter esse retorno imediato. Estamos gravando com tanta antecedência e, na hora, já sabemos o que funciona ou não. Ajuda a definir o caminho que vamos seguir com o programa, com os personagens. A gente vai descobrindo a série com a plateia. Já temos um Ibope instantâneo. E eles são muito sinceros: quando não acham graça, não riem mesmo — conta Fonseca.

O ritmo é intenso, com cerca de cinco episódios gravados a cada duas semanas. O elenco recebe o texto num dia e já grava no seguinte. Os atores fazem um ensaio sem figurino, uma gravação só para as câmeras e, por fim, a versão oficial com a plateia. Tudo no mesmo dia. Marcus Majella, que interpreta o zelador Ferdinando, usa de seus expedientes para driblar a falta de tempo:

— A gente decora uma peça de 40 minutos por dia. Isso aqui é muito doido! Nunca imaginei que conseguiria fazer. Mas a gente se ajuda e, às vezes, faz uns esquemas. Num episódio, eu passava 17 páginas de cena atrás do balcão da recepção. Imprimi o texto pequeno e colei ali. Sei bem o que o pessoal do “Saturday night live” faz isso. E fiquei ali, sereno, respondendo tudo. Não errei uma — lembra o ator, que também está em “220 volts” e integra o elenco do Porta dos Fundos, grupo que faz sucesso com esquetes na internet.

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