Plataforma de start-up carioca turbina relação entre tablets e TV



Com a Wing SyncAds, da O2C Hipermídia, aplicativos podem identificar o que está passando na televisão e apresentar no tablet, na hora, conteúdos associados, como acesso a e-commerce, jogos e quizzes



Publicado originalmente no site: http://oglobo.globo.com/tecnologia

Quinta-feira, 1 de agosto de 2013, 16h15

André Machado



Imagine a cena: você começa a ver a novela das nove. De repente, no tablet, que está em seu colo, surge num aplicativo o resumo do capítulo anterior, num slideshow de cenas, para contextualizá-lo. Outro cenário: ao ver um anúncio de refrigerante, abre-se, em outro app, uma espécie de “quiz” perguntando sobre seus gostos — e, no fim, indicando que sabor do refrigerante em questão seria mais adequado para você.

Tais cenários são reais e estão prestes a se tornar tendência no mercado de conteúdo para a chamada “segunda tela” — ou seja, a tela do smartphone ou tablet que usamos ao mesmo tempo em que assistimos à “primeira tela”: a da televisão.

Redes sociais como o Twitter estão investindo fortemente na interatividade a partir de posts nessa segunda tela (second screen, em inglês), mas há iniciativas que vão bem mais adiante, procurando promover a chamada TV social em aplictivos próprios, ou estimular o chamado t-commerce (television commerce) e o conteúdo estendido para agências de publicidade e anunciantes de TV em geral. É o caso da start-up carioca O2C Hipermídia, incubada pelo Instituto Gênesis, da PUC-Rio. A empresa desenvolveu uma plataforma de sincronismo de anúncios e programas na TV com aplicativos que os identificam e disparam conteúdos extras que podem chamar a atenção dos usuários da segunda tela.

— A plataforma se chama Wing SyncAds — explica o diretor de tecnologia da O2C, Philippe Rosa —, e se baseia em servidores que monitoram continuamente a programação de canais de televisão. Com isso, são gerados dados que alimentam os aplicativos de tablets e smartphones, de modo que eles identificam o conteúdo pelo som.

Nessa identificação são usadas patentes de alta precisão da empresa americana Audible Magic, que bolou as tecnologias Robust SmartID e CopySense, e fez parceria com a O2C para sua utilização na plataforma brasileira. O resultado é que, em menos de 10 segundos, o que está passando na televisão é identificado pelos aplicativos — que, naturalmente, precisam estar abertos para funcionar.

— A coisa funciona de forma análoga a um serviço como o Shazam, que identifica a música que está tocando, só que com muito mais nível de detalhe — conta Philippe.

A O2C, aberta em 2011 e capitalizada pelos próprios sócios e através de editais em R$ 300 mil, já fez algumas parcerias iniciais com a plataforma e agora a está redesenhando para azeitar melhor a interface final. O GLOBO viu uma demonstração com a programação ao vivo, em que uma atração foi corretamente identificada e suas características apareceram no aplicativo de TV Social da start-up, e outra apresentação baseada em anúncios em vídeo. Além do exemplo supracitado do refrigerante, a plataforma usou o anúncio de uma fábrica de automóveis em que um astro do tênis pegava um carro para correr atrás da bola que saíra da quadra. Ao mesmo tempo, no tablet, aparecia um joguinho temporizado que estimulava o jogador a vencer um labirinto para chegar até a bola.

— Esse segundo aplicativo não precisa ser nosso: a plataforma pode ser embutida em aplicativos do anunciante, da agência ou da própria produção de um programa — diz Philippe. — O conteúdo estendido pode ser personalizado de várias formas. No caso do t-commerce, por exemplo, poder-se-ia comprar, através do app, aquela roupa ou acessório que um personagem popular veste em determinada cena.

Um dado interessante sobre a questão da segunda tela é que, ali, o poder está totalmente nas mãos do usuário/telespectador, explica o executivo.

— Ele pode abrir o app e deixá-lo identificar o que está passando na TV, mas ao mesmo tempo fazer outras coisas na internet móvel — diz Philippe. — A ideia é que não se precise sair do sofá para obter informações adicionais sobre o que está assistindo.

O potencial de uso da second screen é enorme na América Latina, em especial no Brasil, onde a internet já atinge 56% da população, apresentando um crescimento de 115% nos últimos dez anos, de acordo com levantamento do IBOPE Media. Hoje, no país, mais da metade da população já afirma utilizar duas mídias (tradicional e on-line) simultaneamente — e 30% o fazem consumindo televisão junto com a internet.

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