Série chilena da HBO, 'Prófugos' tem sangue, suor e lágrimas



Segunda temporada da superprodução latino-americana começa numa penitenciária

 
Publicado originalmente no site: http://oglobo.globo.com/revista-da-tv

Sábado, 14 e setembro de 2013, 07h00

Mariana Timoteo da Costa



Junte sangue, suor e lágrimas às mais belas paisagens chilenas: Ilha de Páscoa, Deserto do Atacama, Patagônia. A segunda temporada de “Prófugos”, a primeira série de ação da HBO produzida na América Latina, estreia neste domingo, às 22h, abusando dessa receita. A ela ainda são acrescidos milhares de volts. Um alerta para os fãs das cenas de violência em “Breaking Bad” ou “Família Soprano”: elas são bolinho perto de “Prófugos”. O primeiro episódio da segunda temporada da atração chilena se passa quase todo numa penitenciária de segurança máxima em Santiago.

Haja antiácido e apertadinhas no braço da poltrona de nervoso para digerir o que acontece por lá. Depois de serem traídos por Laura (Blanca Lewin, atriz do ótimo “A vida secreta dos peixes”), filha da líder morta do cartel Ferragut, os três fugitivos restantes — Mario Moreno (Luis Gnecco), o irmão de Laura, Vicente Ferragut (Néstor Cantillana) e o policial disfarçado Álvaro Parraguez “Tégui” (Benjamín Vicuña) — são presos no final da primeira temporada. Agora, sofrem o diabo e tentam sobreviver enquanto planejam uma fuga.

— Este primeiro episódio da segunda temporada é um pouco atípico, foi filmado quase todo dentro da penitenciária. Mas é a partir dele que todas as subtramas da série vão se desenrolar. As locações vão variar da cadeia ao palácio presidencial; da sede do governo aos mais belos locais do Chile. Teremos sempre muita ação — diz o idealizador e diretor Pablo Larraín, que esteve em São Paulo junto com o irmão dele, Juan de Dios (produtor), além de Gnecco e Cantillana, para apresentar a segunda temporada.

Entre a primeira temporada, que foi ao ar pelo HBO em 2011, e a segunda, Larraín concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro por “No”. Mas ele não quer falar do filme e nem do que mudou em sua vida depois de dirigir Gael García Bernal: prefere declarar que “trata-se de um ótimo momento para as produções chilenas”. Melhor ainda com esse investimento recente (valores não divulgados) da HBO Latin-America em séries como “Prófugos”, que é muito bem produzida, bem filmada e tem elenco estrelar.

Dois dos atores mais conhecidos do Chile, Gnecco e Cantillana destacam que a série mostra uma face menos conhecida de seu país:

— O Chile geralmente é visto como o aluno aplicado da América Latina, onde as coisas deram mais certo do que nos demais países. Mas temos muitos problemas, muita desigualdade, muita violência. Com “Prófugos” mostramos um pouco dessa realidade — diz Gnecco, adiantando que a novidade desta temporada será “abordar a questão do manejo do poder”: — Vamos descobrir como certos integrantes do governo têm uma relação com o tráfico de drogas.

O ator diz adorar fazer o personagem mais temido da série: o ex-integrante do serviço secreto da ditadura Mario Moreno, que promete chocar ainda mais a audiência com seus atos e declarações políticas. Indagado se a maldade exige algum tipo de preparação especial, ele diz que “acha mau ator” quem adota, por exemplo, trejeitos dos personagens fora do set.

— Minha preparação é atuar sem preconceito e vergonha de fazer tanta coisa ruim. Desfrutar o personagem — diz Gnecco, que fala bem o português.

Já Cantillana conta que “dorme como um bebê” mesmo após as cenas fortes de Vicente Ferragut. Apenas fica esgotado fisicamente com tantas sequências de ação, ainda mais quando ocorrem em altitudes elevadas como no Deserto do Atacama. Na segunda temporada, a homossexualidade de Vicente será mais explorada, o que, para o ator, abre novas possibilidades.

— Porque a gente não pensa num traficante gay, não é? Foge do clichê, ainda existe muita homofobia nos países latinos — comenta o ator, chocado quando a repórter lhe fala de projetos como o da cura gay, do deputado Marco Feliciano: — Existe mesmo um politico assim no Brasil? Que loucura!

Vicente também será mais agressivo ao perseguir Laura, a irmã que o traiu e tenta se estabelecer como chefe do tráfico de drogas.

— Na primeira temporada o Vicente não queria muito participar do cartel, estava ali meio contrariado. Agora ele será mais agressivo, quer vingança.

E é a busca por vingança que vai separar e juntar os destinos dos três prófugos (que significa fugitivos em espanhol).

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