Sappos: app quer ser a segunda tela dos brasileiros



Publicado originalmente no site: http://www.telaviva.com.br

Sexta-feira, 25 de outubro de 2013, 15h36

Fernando Paiva



O telespectador de hoje em dia é multitarefa. Não basta assistir a TV: ele precisa, ao mesmo tempo, dar a sua opinião através de redes sociais, usando seu smartphone, tablet ou qualquer outro dispositivo conectado. O hábito, cada vez mais comum, fez surgir o termo "segunda tela", para nomear a interface que o telespectador acessa simultaneamente à TV. O costume de comentar os programas televisivos é visível em redes sociais tradicionais, como Twitter e Facebook, mas faltam opções orientadas exclusivamente para essa finalidade. Esta é a proposta do Sappos, um app brasileiro de TV social. Lançado para Android e iOS há um mês, conquistou cerca de 50 mil usuários sem qualquer investimento em marketing. A meta para os próximos quatro meses é alcançar 1 milhão de usuários.

O que difere o Sappos de outras start-ups móveis nacionais é a equipe por trás do projeto. Seus co-fundadores são executivos que passaram por empresas como McKinsey, Banco Pactual e Groupon. Com desenvoltura no mercado financeiro, não tiveram dificuldade em conseguir um primeiro aporte que lhes dá segurança para operar por um tempo com foco no aperfeiçoamento do produto e na conquista de usuários, sem se preocupar com rentabilidade por enquanto. Seus fundadores sonham alto: querem não apenas que o Sappos se torne uma referência de TV social, mas também um dos principais cases de mobilidade de origem brasileira. "Queremos ser um grande case de mobile. Vamos focar na melhoria do produto, e depois no marketing. Primeiro temos que deixar o consumidor gostar do nosso produto. Se cumprirmos a meta, vamos pensar em rentabilizar. Os próximos três meses serão decisivos", comenta Thiago Amorim, um dos co-fundadores do Sappos.

O app funciona como um guia eletrônico de TV, com a grade de programação dos próximos seis dias de dezenas de canais abertos e fechados. Navegando pelo guia, é possível marcar o que se deseja ver e, assim, receber uma notificação no celular um pouco antes de o programa começar. Uma versão futura permitirá a geração de alertas quando houver episódios novos de séries marcadas como favoritas. O guia traz também descrições de cada programa e alguns trailers. A grade é construída de forma automatizada, por robôs, mas a busca por imagens requer a intervenção humana. Por enquanto o guia traz a programação de São Paulo, mas está em estudo a inclusão das programações de outras regiões no futuro.

A parte social dentro do Sappos consiste em permitir que os usuários publiquem comentários sobre os programas que estão assistindo e lhes concedam notas. É possível ler o que dizem outros telespectadores e ver a nota média de cada programa. Amorim aponta a diferença para o Twitter: "No Twitter você grita e ninguém te escuta. Falta uma estrutura clara para funcionar como TV social. Falta o guia de programação, por exemplo". O executivo lembra o caso do Instagram, que foi bem sucedido porque ocupou um espaço que o Facebook não conseguiu atender bem à época: uma ferramenta de edição de fotos.

Atualmente, 80% do orçamento da empresa estão destinados ao desenvolvimento do app. O trabalho é todo interno, com equipes próprias especializadas em Android e iOS. Não há planos por enquanto para Windows Phone.

Geração de receita

O modelo de geração de receita do Sappos ainda está em aberto. A empresa analisa várias possibilidades. Uma delas seria a exploração de comércio eletrônico, oferecendo mercadorias relacionadas ao programa que o telespectador está assistindo. Outro caminho seria a disponibilização de conteúdo exclusivo, com apoio das emissoras. Há ainda a alternativa de vender relatórios analíticos sobre a audiência da TV no Brasil. Seria algo que complementaria o trabalho feito hoje pelo Ibope.

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