A força de ‘American Horror Story’ no cabo e as séries na TV aberta



Publicado originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv

Sábado, 09 de novembro de 2013, 09h00

Patricia Kogut



“American horror story” faz jus a todos os elogios que as mais respeitáveis figuras da cultura mundial vêm fazendo às séries atuais. Na primeira temporada, os personagens se encontravam numa casa mal-assombrada. A segunda, “Asylum”, ambientada num hospício, transportou o público diretamente para as melhores cenas lisérgicas da história do cinema. Esse “clima ‘Tommy’” segue firme na terceira, que tem como subtítulo “Coven” (algo como assembléia de bruxas).

A ação agora se passa naquela Nova Orleans de clichê de magia dos romances de Anne Rice. É a televisão se valendo da literatura barata (ou assim considerada, sem querer ofender a quem gosta dela) e de outras referências do universo pop para — por meio de grandes roteiros e interpretações de primeira linha — produzir um programa que agradará ao mais exigente dos públicos. O terror e sua faceta erótica dominam “American horror story”, mas deixam espaço para que se aprecie a beleza das suas sequências. Tudo acontece numa escola para meninas com poderes sobrenaturais herdados de ancestrais queimadas na fogueira. Nesses tempos em que a vida privada vai parar nas redes sociais, elas aprendem a lidar com seu dom e a mantê-lo em segredo.

Jessica Lange estrelou tudo até aqui e agora interpreta uma bruxa sênior de arrepiar. Ela declarou que não continuará no elenco. Muita gente já começou a torcer para que ela mude de ideia. A eterna musa de King Kong arrasa como uma mulher madura com a libido gritando. Desta vez, divide a cena com Kathy Bates, uma cruel dona de escravos do século XVII e que tem vida eterna. A dupla é matadora.

Nos Estados Unidos, “Coven” tem atingido em média 7,74 milhões de espectadores e tem registrado um crescimento de 83% de audiência em relação a “Asylum”. A produção vai tão bem que, embora tenha recém-estreado, já garantiu a quarta temporada.

Aqui,vai ao ar na Fox. Graças a “American horror” e a “The walking dead”, de janeiro até 30 de outubro, o canal foi líder entre os canais pagos no prime time (das18h à 1h) entre homens e mulheres com idade entre 18 e 49 anos. A faixa das 23h30m às 0h20m cresceu 22% desde a estreia do programa com Jessica Lange e companhia. Já a série dos zumbis fez subir em 104% os números das 22h40m às 23h30m às terças-feiras. Dados do Ibope.

A Bandeirantes — que já exibiu “The walking dead” — acaba de anunciar que comprou “American horror”. Desviando um pouco do tema inicial, que eram as qualidades do programa com bruxas, é possível afirmar sem muita chance de errar que o público aqui se interessa por esses seriados. A Globo exibiu “Revenge” com sucesso. A Record, que vem amargando cerca de sete pontos com “Pecado mortal”, se deu bem com “CSI” e alcança dois dígitos com “A Bíblia”.

É um movimento curioso da nossa televisão, que, ao mesmo tempo, está cada vez mais povoada de atrações nacionais, resultado da atual política de fomento de produção do governo. Vale prestar atenção.

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