Seminário I: Séries



Universidade Federal Fluminense
Cinema e Audiovisual
Tv e Vídeo
Professor: Felipe Muanis
Grupo: Isadora Relvas, Luana Behring, Guilherme Latini e Vitor Novaes




Se nos dedicarmos a analise das séries televisivas produzidas nos últimos anos vamos nos deparar com uma curiosa transformação que pode ter tido início com o The Sopranos (1999 – 2007) e alcançado o seu ápice em Breaking Bad (2008 – 2013). Uma revolução aconteceu nos meios de produção e interação nas séries que vem sendo desenvolvidas e nos debruçaremos sobre essas questões a partir de agora.

Se antes as séries eram pensadas como um produto tendendo à infinitude, como a série alemã Tartot - produzida desde 1970 e ainda no ar -, ER - finalizada em 2009 após quinze anos no ar -, Law & Order - encerrada em 2010 após 20 temporadas e alguns spinoffs como Law & Order: Special Victims Unit, Law & Order: Criminal Intent e Law & Order: Trial by Jury -, hoje observamos um novo modo de elaborar suas narrativas, optando-se por uma abordagem vertical, onde a progressão no desenvolvimento da história é algo privilegiado e não mais preterido em relação à longevidade da série. Começamos a perceber seriados com data de término marcada, para o bem e para o mal dos espectadores e novas mídias de exibição.

The Sopranos modificou a arquitetura de storytelling comumente praticada. Cada episódio é sólido por si só, mas também faz parte de um arco maior de temporada e se conectam de forma coerente uns aos outros. Não funciona como uma sitcom, em que você pode ligar a TV e assistir o que estiver passando fora de ordem. Ao contrário das séries procedurais, que apresentam uma premissa no piloto e dependem da mesma fórmula nos episódios subsequentes – Greys Anatomy, West Wing, CSI, House – a produção da HBO apostou principalmente na construção progressiva dos personagens, permitindo mais nuances em suas psiques e debates mais profundos. Se antes as séries necessitavam fechar seus episódios e permitir que eventuais novos espectadores pudessem entender a história e acompanhar a qualquer momento, como os fãs esperam o início de uma nova série, agora abre-se cada vez mais espaço para narrativas com curva dramática mais próxima do cinema: apresentação dos personagens e conflitos, desenvolvimento, clímax e resolução. Exemplo de séries que seguiram essa estrutura são The Wire, Boardwalk Empire, Mad Men, Breakind Bad.

Contando com narrativas mais desenvolvidas e complexas, as séries tendem a se focar em nichos específicos de público consumidor, ao invés da antiga tendência de produzir um material com intuito de atingir a maior parte do público. Essa postura se alinha com o chamado “novo capitalismo”, onde o interesse é singularizar para criar o máximo de consumo. Não mais se investe em histórias rasas e sem grandes polêmicas para que haja grande aceitação. São colocados em discussão assuntos diversos, às vezes questionáveis até mesmo para as emissoras (apenas a AMC aceitou produzir Breaking Bad, tendo sido recusada pela TNT, por exemplo, por abordar a metanfetamina). As séries contemporâneas criam nichos para se desenvolver. Com as essas séries, a ligação do público passa a não ser apenas com um produto fechado e isolado, mas interligado narrativa e dramaticamente.

É através dessa ligação subjetiva que se consegue manter o público interessado por mais tempo e, a partir disso, abrir caminho para desenvolvimentos a prazos mais longos. Essa identificação acaba por se aproveitar de novas formas de mídia, sobretudo da internet, para estabelecer redes entre fãs e blogs que giram em torno de séries, promovendo uma ampliação do universo capaz de sustentar o interesse das pessoas mesmo nos períodos entre temporadas. Fóruns e comunidades, sites e enciclopédias não oficiais, entre outros, apontam para um canal aberto a uma maior interação não só possível, mas desejada pelos fãs com os criadores de conteúdo. Em uma época de fragmentação do público, os canais de TV estão conseguindo estabelecer conexão e fidelidade com o espectador. Ninguém espera ansiosamente para ver o próximo filme da Warner Bros. ou da Paramount, por exemplo, esse sentimento depende muito mais do elenco e profissionais envolvidos, mas certamente tem muita gente na expectativa pelo que a HBO, AMC ou Showtime farão a seguir.

Prova de que essa tendência tem se mostrado rentável está na existência de canais ligados a todos os grandes estúdios de Hollywood. Dessa forma, não é apenas pelo viés narrativo que a aproximação entre cinema e TV vem acontecendo, mas também no campo produtivo e estético. A produção se torna um pouco mais concentrada, mais tempo é gasto nos roteiros, e se desenvolve um trabalho sofisticado de iluminação e uso das cores. Mais do que apenas tornar visível, a fotografia torna-se cada vez mais parte do significante. É importante também atentar para que isso não se deve exatamente à redução dos preços dos equipamentos digitais, uma vez que muitas das séries vem usando as mesmas câmeras digitais utilizadas pelos grandes filmes da indústria cinematográfica, como Alexa, RED e a linha CineAlta da Sony, dedicada a câmeras de cinema digital de alta performance. Ao contrário, de que as séries devem receber o mesmo tratamento rigoroso de imagem dado às produções cinematográficas.

Séries filmadas em Alexa:
Séries filmadas em RED
Séries filmadas em CineAlta:



House of Cards
Behind the Candelabra
CSI NY
Tatort
House of Cards
The Goodwife
True Blood
Long Mire
Law & Order Criminal Intent
The Vampire Diaries
Justified
The Vampire Diaries
Game od Thrones
The Shadows Line
Gossip Girl
Desperate Housewives
Supernatural
Criminal Minds
Parenthood
E.R
Hawaii Five-O
Grimm
The Originals

Hawaii Five-O
Keep Calm and Don’t Lose Your Head

House


Law & Order: SVU


Law & Order: Los Angeles


Revenge


Elementary



Se a estética e as estruturas de produção e dramáticas vem sendo incorporadas, nada mais natural do que o mesmo acontecer com relação aos profissionais: cada vez mais o trânsito entre as áreas tem sido realizado sem que isso seja carregado de um julgamento negativo – o que acontecia antes e é muito claro no Brasil ainda hoje. Sobretudo para os atores, trabalhar em televisão era tido como algo de segunda grandeza. Produtores, diretores, roteiristas e fotógrafos vem, cada vez mais, vendo no seriado ficcional um campo fértil para o desenvolvimento de novos processos criativos.

Não é à toa, que renomados diretores de cinema, passaram a reconhecer a importância do mercado televisivo para a divulgação de seus trabalhos, abandonando o estigma “cultura de massa” dado à televisão, passando a considera-la um meio promissor para atingir um público extenso. É o caso das séries Boardwalk Empire (HBO), de Martin Scorcese e Terra Nova (Fox) e Falling Skies (FXUK) ambas de Steven Spielberg.


Webgrafia:




http://refletor.tal.tv/ponto-de-vista/amir-labaki-o-emmy-e-a-revolucao-televisiva

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