Seminário VIII: Minisséries



Universidade Federal Fluminense
Cinema e Audiovisual
Tv e Vídeo
Professor: Felipe Muanis
Grupo: Artur Bravo, Lucas Paes Lemes e Bruno Roger




Minissérie é um formato televisivo cuja estrutura é muito semelhante àquela das telenovelas, apresentando uma história fragmentada em episódios que se interligam sequencialmente e com um fechamento da trama ao final da obra, embora haja casos de tramas mais fragmentadas que fogem a esse padrão. Somadas às semelhanças, as minisséries têm algumas características que as diferem das novelas. Primeiramente, o número de episódios é reduzido, determinado pela ancine entre 3 e 26 espisódios, enquanto os episódios de telenovelas são muito mais numerosos (Avenida Brasil levou ao ar 179 episódios). Em segundo lugar, as minisséries têm seu roteiro definido ainda na fase de pré produção, ao contrário das novelas, cujo enredo vai se definindo conforme os episódios são produzidos e exibidos.

Essa última característica, somada ao reduzido número de episódios e à curta duração, permite que as minisséries contem com uma produção muito mais elaborada e até ousada em termos tanto de linguagem quanto de temática, facilitados pelo objeto menor a ser construído que demanda menos tempo, trabalho braçal de pessoas especializadas e, por consequência, financeiramente mais viável aos devaneios. É um formato bastante popular (também como a TV), talvez mais no mercado exterior, visto a dimensão das produções e sua reverberação no público: há estudos sobre a influência de mini-séries de tv e o turismo entre Taiwan e Coréia do Sul.

Apenas um esclarecimento quanto à classificação de minisséries, parece-nos que no Brasil ficções seriadas que tem uma continuidade entre temporadas não são consideradas minisséries, o que difere do critério da revista Variety, que aborda programas como Boardwalk Empire (com quinta temporada já renovada) como minisséries, ou seja, pela duração da temporada.

Outro fator característico das minisséries é que em sua grande maioria, os roteiros são adaptações literárias, filmicas ou mesmo históricas; na União Soviética, entre os anos 60 e 80, as minisséries abordavam em especial o genero spy-thriller, em cujas histórias frequentemente se a questão “dos fora e dentro do sistema político” era central, por exemplo. Adaptações literárias no Brasil

frequentemente são acompanhadas de tentativas estéticas mais específicas, por outro lado, JK é um grande exemplo do caráter alienador do produto, que alia uma visão histórica manipulada a uma estética de transparência, de real, de modo a perpetuar idéias mentirosas em mentes ignorantes.

O mesmo fato, além de restringir o público alvo para adultos, dada a complexidade em geral maior dos temas abordados, também contribui para que o formato busque uma mais intensa caracterização estilistica e artistica. No Brasil como nos EUA, é evidente a grande dedicação artística para este tipo de produção. A HBO já produziu minisséries sobre a WW2 (Band of Brother e The Pacific) e sobre alienígenas (Taken), (temas bastante específicos, o que já reafirma as discussões sobre temática e público apresentadas) todos os projetos em associação a Steven Spielberg, o que evidencia também o aporte financeiro mais viável a maiores dispêndios artísticos por menores períodos de tempo.

Tradicionalmente as minisséries têm seu espaço na grade no periodo da noite, sendo exibidas depois das 22h, o que permite que explorem mais cenas de nudez, insinuações sexuais, violência e temáticas mais apelativas para um público adulto. Somando-se isso à estrutura de adaptação literária, aos temas políticos e à linguagem mais complexa, tem-se como perfil de público alvo indivíduos com mais acesso à educação e cultura, um público mais elitizado e intelectual.

O formato chega ao Brasil no final de década de 70, quando a Rede Globo começa a transmitir dubladas minisséries importadas dos EUA, como "Raízes" e "A Maldição" e poucos anos depois, em 1982, produz a primeira minissérie brasileira: "Lampião e Maria Bonita" foi escrita por Aguinaldo Silva juntamente com Doc Comparato e dirigida por Paulo Afonso Grisoli e dividia-se em oito episódios levados ao ar entre 26 de abril e 5 de maio no horário das 22h15. Tamanho foi o sucesso atingido que no mesmo ano foi produzida a segunda minissérie nacional: "Bandidos da Falange", escrita pela mesma dupla de autores e dirigida por Luiz Antônio Piá. Embora a estreia estivesse prevista para agosto do mesmo ano, a produção foi censurada e só estreou no princípio do ano seguinte (1973) e com alguns cortes. A minissérie contou com 20 capítulos e foi ao ar entre 10/01 e 04/02 no horário das 22h. A partir daí o formato já tinha se consagrado e até hoje tem espaço garantido na grade televisiva.

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