Seminário X: Reality Show Culinário



Universidade Federal Fluminense
Cinema e Audiovisual
Tv e Vídeo
Professor: Felipe Muanis
Grupo: Ana Luisa Magioli, Henrique Barthem e Juliana Di Lello




O Reality Show

Os primeiros indícios do reality show apareceram em programas de rádio no final dos anos 40, nos EUA, nos quais os locutores acompanhavam ou narravam histórias reais, às vezes em programas de auditório, às vezes em locações. O “Esta é Sua Vida” e o "The Original Amateur Hour” são dois exemplos desses programas. Após mais de 23 anos, surge o primeiro reality show, tal qual conhecemos hoje: An American Family, em 1973, nos Estados Unidos. O programa acompanhava os dramas de uma família, exibindo situações como o divórcio do casal e o momento em que um filho assume ser homossexual. No Brasil, a primeira exibição de um reality show aconteceu em 1991, na canal MTV, do programa “The Real Word”. Em 2000 temos a primeira produção de um reality brasileiro,”No Limite”, que utilizava o mesmo formato do americano “Survivor”. Em 2002, é exibido, na Globo, o Big Brother Brasil, o maior expoente do gênero no país (o qual exibe temporadas anuais até hoje).

A popularização do formato aconteceu na virada do milênio, juntamente com o surgimento da necessidade de novas formas de produções audiovisuais. Essa disseminação deve-se à alguns fatores pontuais: primeiramente, à inesperada aceitação desse tipo de programa na Europa, e consequente interesse de outros países. Além disso, os reality shows passaram a representar uma opção financeira e de produção viável nos momentos das greves de roteiristas, pois independem de um roteiro prévio. É especialmente interessante financeiramente, pois também permite a inclusão de mershandisings durante os episódios, o que fazem deles produções altamente rentáveis, se bem sucedidas em termos de audiência.

No âmbito de sua produção, os realities também possuem características específicas. Diferentemente dos programas roteirizados, eles independem de atores e na maioria das vezes se utiliza de figuras comuns e cotidianas. É claro que cada programa possui sua especifidade e pode sim, se utilizar de atores, dependendo da proposta, quando pretende-se manipular o encaminhamento de certas ações e situações dentro do programa. Em relação a independência de um roteiro, citada anteriormente, sabemos também que sempre há uma intenção do realizador ou produtor, de gerar ou alcançar determinadas situações dentro do reality. Essa “roteirização pode portanto acontecer com a simples junção de dois personagens ideologicamente opostos, ou simplesmente com a colocação de uma câmera num lugar estratégico.

O conteúdo dos programas também se manifesta de maneira muito atrativa, pois na maioria das vezes aborda conflitos e dramas pessoais, que são de fácil absorção do público, tornando-os extremamente interativos e atingindo um público mais amplo e diverso. A possibilidade de presenciar a transformação de um personagem comum e desconhecido, numa pessoa pública, causa grande comoção e identificação do espectador. O fator “real” do programa, no entanto, é ambíguo. Os

personagens geralmente encontram-se numa situação de laboratório, que provavelmente não se encontrariam se não fossem participantes do programa. A presença da câmera automaticamente faz que os participantes assumam um personagem, que está sendo vigiado e avaliado.

Reality Competitivo

O reality show competitivo tem certa semelhança com game shows, shows em que os competidores vão aos programas e competem para ganhar um prêmio. Os arcos narrativos duram, na maioria das vezes, um programa, que termina com o desfecho do personagem ganhador. No reality de competição, os participantes estão presentes durante toda a temporada ou programa e competindo por prêmios mais significantes. A exposição dos participantes é prolongada por muito mais tempo. Apesar de modificar os participantes a cada temporada, o principal motivo que faz com que os espectadores continuem a ver o programa a cada ano é a sua estrutura bem definida, que coloca o espectador em um certo grau de conforto com o programa, pelo seu conhecimento prévio do programa. O interesse do espectador não está em ver o participante ser premiado, mas como ele fará para alcançar este objetivo.

Pode ser observado que a competição funciona como o reflexo de uma sociedade descartável. Cada programa, um participante é eliminado e “sente-se” a dor de sua perda somente durante aquele programa, já que na próxima semana mais um será eliminado.

Não há nenhum roteiro prévio que irá decidir a eliminação dos candidatos dos programas. O máximo de controle que há é quando as provas são boladas para decidir o participante que irá ser eliminado.

A importância do apresentador como a voz da razão, alguém que atua como um mentor e chefe do programa, que tem opiniões que são, muitas vezes, respeitadas e tidas como corretas. Por representar um personagem que parece ser o detentor do prêmio, que irá ser dado ao melhor competidor, esse apresentador é o jurado do programa. Com um visual sempre impecável, superior aos participantes.

Os personagens são, muitas vezes, reflexo daquilo que o espectador quer ver no programa. Como homossexuais caricatos, fortões e gostosonas. Os programas partem da premissa da escolha de pessoas anônimas para a competição, mas há uma seleção de que tipos de personalidades estarão presentes neste programa. Isto acontece tanto em programas que requerem conhecimentos mais específicos quanto em programas que não necessitam tanto assim. Muitas vezes estes personagens encaram a oportunidade de estar no programa como uma oportunidade única em suas vidas, e, por isso, tem que dar tudo de si para ganhar. Para a maior parte dos

participantes a busca e o prêmio maior é o sucesso, seja ele como um participante do BBB ou um famoso chef de cozinha. Esta é mais uma maneira de se controlar e tentar “roteirizar”o programa.

O ambiente é o aspecto que mais varia entre estes sub-gêneros, mas sempre trazem clima de tensão, opressão e seriedade. Na maior parte das vezes, está atrelado à figura do apresentador, mais uma vez, julgando os participantes. É responsável pela admiração dos espectadores, por isso, quase sempre, é bem decorado e explorado na direção do programa. É o que faz a idéia do programa tomar vida, pois fala de maneira mais explícita com o espectador e com os participantes, já que sempre retrata o mundo ideal. O lugar onde ocorre os julgamentos do programa, onde os participantes são eliminados, é o ambiente mais sério do programa.

Os jurados são, muitas vezes, personagens diferentes do apresentador do programa, podendo variar em cada um deles. Podendo ser o público, uma bancada de jurados considerados especialistas pelo próprio programa ou o próprio apresentador. São pessoas que concentram uma certa admiração dos participantes, não só por serem os responsáveis pela sua eliminação, mas por serem considerados exemplos de sucesso no tema abordado pelo programa.



Reality Show Culinário Competitivo

Os reality shows culinários quando apresentam um foco competitivo, geralmente, se encaixam nessa estrutura apresentada acima. Muitos deles inclusive se utilizam de uma estrutura de apresentação comum que implica em intercalar trechos de depoimentos dos participantes coletados após o fim do programa e trechos filmados durante a competição.

Alguns formatos apresentam a sua competição ao longo da temporada, eliminando os competidores ao longo dos episódios, em outros formatos a competição se inicia e se encerra em cada episódio. Em ambos, é possível observar semelhanças e diferenças, por exemplo, como semelhança temos uma rígida divisão dos blocos, onde o primeiro funciona como uma apresentação do desafio que será proposto, nos dois blocos seguintes o acompanhamento do trabalho dos competidores e seus problemas e dramas. E no último temos o resultado, que vai definir ou o eliminado ou o vencedor. Onde a competição dura uma temporada, geralmente, há uma recapitulação do que aconteceu nos episódios anteriores. No caso dos demais, observa-se que muitas vezes em cada bloco ocorre uma eliminação até apresentar o ganhador no final. Esses também costumam apresentar um diferença em relação aos prêmios, os de longa duração tem uma recompensa mais significativa.

Pode-se dizer que muitas vezes os reality culinários giram em torno de seu apresentador, temos com grandes exemplos Gordon Ramsay (Hell’s Kitchen e Kitchen Nightmares) e Buddy Valastro (Cake Boss e Kitchen Boss) que fizeram tanto sucesso com suas personalidades marcantes que ganharam novos programas com o mesmo foco. Assim, observa-se uma grande popularidade desses apresentadores e atribui-se a eles o público cativo que esses programas alcançaram.

Bibliografia


http://pt.wikipedia.org/wiki/Reality_show http://lazer.hsw.uol.com.br/reality-show5.htm http://www.contracampo.com.br/tv/brasildocumenta.htm http://www.bocc.ubi.pt/pag/garcia-deomara-reality-show.pdf

Comentários