‘Tempero de família’ dá rasteira na repetição e reestreia bem



Publicado originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv/critica/noticia/2014

Sábado, 26 de abril de 2014, 09h00

Patrícia Kogut




Rodrigo Hilbert já explorou a cozinha da avó, no Sul, onde cresceu. Depois, levou seu “Tempero de família” até a praia, e produziu, com amigos, um churrasco de peixes capturados ali na hora. A estreia da terceira temporada, esta semana, no GNT, foi uma demonstração do desejo dos produtores da atração de não repetir uma fórmula. Hilbert avançou um passo: ele agora exercita seu charme de bom rapaz entre as panelas de anônimos, gente como a gente.

No programa de estreia, visitou Cristiane e Celso, pais de quatro filhos, no subúrbio de Bangu. É um cenário mais carioca impossível. Um exemplo é a forma como foi saudado por Celso: “E aí, camarada, tranquilidade?”. Não há como não simpatizar com os personagens. A conexão com o apresentador foi instantânea e, numa demonstração de hospitalidade, Celso cantou o hino do Bangu e mostrou fotos suas, de quando jogava futebol de salão. O público se sente em casa também.

Cristiane arrastou Hilbert para a cozinha e eles produziram uma costela com agrião, polenta (que ela chama de angu, claro) e ambrosia. Entre uma fervura e outra, a dupla foi encontrar a família no quintal, onde rolava um sambão. A dona da casa dançou, o marido aplaudiu etc. Aqui vale uma observação. “Tempero de família” não é reality, portanto, se houve uma ou outra interferência cenográfica na casa ou algum momento ensaiado na conversa, não é engodo. O resultado, isso sim que vale, ficou convincente no ar.

No fim, Celso fez comentários sobre a importância da refeição de domingo (“o amálgama das nossas relações”) e vizinhos se juntaram ao grupo. Mais do que costela com polenta, foi um passeio antropológico e uma lição de como um apresentador suave sabe chegar na casa alheia. Uma ótima estreia.

Comentários

  1. Tenho acompanhado esse programa desde seu começo e realmente eles se reinventam não só de uma temporada para a outra, mas também de um episódio pro outro. Sempre há uma "historinha" nova que justifica a escolha do prato a ser preparado pelo apresentador. Enquanto ele cozinha, vai conversando sobre coisas pessoais (reais ou não) e é interessante que agora a conversa se dê também com o público.
    Já existe um modelo de programa parecido com esse na tv americana, com o apresentador também loiro, alto e bonitão (Curtis Stone). O diferencial do formato brasileiro para o estadunidense, ao meu ver, é esse tom intimista. O apresentador demonstra interesse em conhecer e compartilhar dos costumes da família visitada, o que promove uma maior proximidade com o público.

    ResponderExcluir

Postar um comentário