Novo episódio de ‘Mad men’ volta a tratar da condição feminina



Publicado originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv/critica/noticia/2014/05

Sexta-feira, 23 de maio de 2014, 09h00

Patrícia Kogut





A quantas andava a condição feminina no mundo de 1969? Essa parece a pergunta mais recorrente de “Mad men” (que, no entanto, faz outras interrogações). No episódio “The strategy”, exibido esta semana na HBO, Peggy (Elizabeth Moss) faz 30 anos (tem spoiler). Como continua solteira, acha que “chegou a hora de começar a mentir a idade”. Por outro lado, ela se tornou uma publicitária respeitada. O sucesso profissional, porém, àquela altura, não bastava. Ser solteira era sinônimo de banimento social.

Outra personagem feminina importante, Joan (Christina Hendricks) é pedida em casamento. Como se sabe, ela é mãe, mas não tem marido. E, como Peggy, mas por caminhos bem diversos, conseguiu subir na agência via suor e muita ambição. Aqui, vale um parêntese: a ambição é um motor totalmente legítimo na cultura americana. O pretendente de Joan é gay, e ela sabe disso. Ela pergunta por que ele quer se casar com uma mulher. Ele responde que será bom para sua carreira, ajudará a construir uma boa imagem. E lembra que seria um arranjo vantajoso para ela também, afinal, uma mãe solteira. Joan, a mulher ambiciosa, recusa. E justifica: “O que eu quero é amor”.

É entre esses dois polos aparentemente incompatíveis que oscila a mulher: a carreira e a realização amorosa. “The strategy” vai fundo também no quanto o investimento na ascensão profissional contribui para a formação de máscaras sociais. Peggy e Don (Jon Hamm), no fundo, são dois solitários e estão tristes. Mas a sobrevivência na agência exige pose. Isso é cansativo e eles acabam dividindo um bonito momento de armistício.

Pete (Vincent Kartheiser) tem uma importante participação nessa trama para mostrar que, naqueles tempos, o lugar da mulher ainda podia depender de onde o homem a colocava. Mas isso já não era uma regra. Vale conferir

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