Série "Lili, a Ex" leva personagem das tirinhas de Caco Galhardo à programação do GNT



Publicado originalmente no site: http://www.telaviva.com.br/17/09/2014

Quarta-feira, 17 de setembro de 2014, 18h17

Leandro Sanfelice




O GNT estreia na quarta-feira, dia 24, a série de humor “Lili, a Ex”, inspirada nas tirinhas do cartunista Caco Galhardo. Protagonizada por Maria Casavedal (Lili) e Felipe Rocha (Reginaldo), a ficção tem 13 episódios sob o comando do diretor geral Luis Pinheiro e dos diretores Quico Meirelles e Lilian Amarante. A atração é uma coprodução do canal com a O2 Filmes.

A série conta a história de Lili, uma mulher caótica, expansiva e destrambelhada que se divorcia do metódico e organizado Reginaldo após anos de casamento. O problema é que Lili continua obcecada pelo ex-marido, interferindo em sua vida amorosa e promovendo demonstrações de ciúmes. No primeiro episódio da série, ela decide mudar-se para o apartamento vizinho ao de Reginaldo para controlá-lo de perto.

A primeira temporada da série foi gravada ao longo de três meses nos estúdios da O2 em Cotia. Diferente da maioria das produções do gênero, que adotam câmeras estáticas, “Lili, a Ex” utiliza a técnica de plano-sequência com frequência . O resultado são cenas gravadas sem cortes e bastante movimentação da câmera. “A Agilidade do roteiro pedia a utilização desse recurso. Assim como os personagens eram malucos, a filmagem também era um pouco maluca. Queríamos uma linguagem diferente e isso virou uma identidade da série. Foi preciso se adaptar, mas depois tudo fluiu muito bem. Ensaiávamos bastante e então gravávamos de uma só vez”, conta o diretor geral Luis Pinheiro. O cenário, conta, foi construído pensando em uma filmagem dinâmica. “Não tínhamos trilhos para câmeras e utilizamos equipamentos bem compactos, como a câmera Blackmagic 16”.

Os atores também tiveram que se adaptar ao estilo de filmagem. “É bem diferente do padrão de novela, em que você interpreta de forma estática, olhando para o outro ator. É preciso ensaiar e preparar, mas tecnicamente o resultado é incrível”, conta a atriz Rosi Campos, que interpreta Gina, a mãe consumista compulsiva de Lili. “Você percebe com o tempo que é como um balé, em que todos tem que fazer sua parte para que a coreografia funcione com perfeição”, complementa Daniela Fontan , intérprete de Cintia, melhor amiga da protagonista.

O elenco conta ainda com João Vicente de Castro no papel de Reinaldo, irmão de Reginaldo, e Milton Gonçalves, que interpreta Anselmo, pai de Cintia e apaixonado por Gina. Allan Medina e Robson Nunes completam o time principal de atores.

Novo espaço, novo humor

Ao lado de Lilian Amarante e Nina Crintzs, o cartunista Caco Galhardo é um dos criadores da atração. Ele também assina o roteiro final ao lado de Bel Berlinck. “A série é inspirada nos quadrinhos e algumas piadas das tirinhas aparecem nela, mas sua história foi toda desenvolvida em equipe. Para alguém acostumado com um trabalho solitário a frente de uma prancheta como eu é uma experiência completamente nova. Quebramos a cabeça por mais de um ano nesse roteiro, mas o resultado valeu a pena”, conta.

Segundo ele, a ideia de produzir uma série sobre a personagem obcecada pelo ex surgiu com o recente crescimento do mercado audiovisual, principalmente após a lei da aprovação da lei da TV paga. A chamada “era de ouro” da televisão internacional, com grande quantidade de produções reconhecidas pela crítica e pelo público e maior espaço para formatos e linguagens experimentais, também chamou a atenção do cartunista. “É um momento de ouro para o audiovisual no mundo todo, e com o aumento da produção esse movimento também começa a chegar aqui. Sou cartunista mas fico de olho no que está acontecendo. A TV, que não era um espaço tão bacana, agora se tornou um lugar muito bom para colocar histórias diferentes e experimentar coisas novas”, avalia.

Segundo Galhardo, "Lili, a Ex" fala mais sobre as obsessões humanas do que sobre relacionamentos especificamente. “Cada um dos personagens tem uma obsessão. A mãe da Lili consome, o Reginaldo é metódico, o Reinaldo vai atrás de mulheres, e a Lili vai atrás do Reginaldo. Assim como a protagonista obcecada, todos os personagens da trama apresentam manias que na verdade são bem comuns. A diferença é que na história essas manias, essas loucuras, são exageradas um pouco”, diz.

Para João Vicente, que trabalha também no Porta dos Fundos, o humor de “Lili, a ex” assemelha-se ao produzido pelo grupo de humoristas ao arriscar-se e abordar temas complexos. “Uma coisa que eu vejo em comum é que traz um humor inteligente, sem subestimar o público. Não abusa de clichês nem bate em quem já está embaixo como aquele humor raso de falar mal de loira e português. Esse humor cada vez menos gente quer ver. Nosso diálogo é olho no olho com o telespectador, e não de cima para baixo”, avalia.

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