Só elenco se salva em ‘Meu amigo encosto’, série do Viva



Publicado originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv/critica

Sexta-feira, 26 de setembro de 2014, 09h00

Patricia Kogut




Estreia de anteontem no Viva com episódio duplo, “Meu amigo encosto” (primeira produção egressa do Programa Globosat de Roteiristas) decepcionou. A trama se desenrola em torno de Ivan (George Sauma). Ele sofre de um constante desânimo, de dor nas costas e, como ilustra bem o médico a quem recorre para descobrir as origens de tal mal, de “uma sensação de que está sempre puxado por uma rédea”. A razão desse abatimento é um espírito que o obsedia (Danilo de Moura) e que, claro, só ele enxerga. O efeito colateral, além da fraqueza, é que, para os outros, Ivan parece meio louco, dá a impressão de falar sozinho.

A premissa é interessante e uma ideia que poderia inspirar boas histórias. Mas não foi bem o que se viu. “Meu amigo encosto” é comédia, OK, mas para quem? Certamente não mirando no público infantil, já que, em mais de um momento, embarca em piadas um pouco mais picantes. Porém, mesmo quando isso acontece, o grau de puerilidade do seu roteiro é imenso. Com isso, fica difícil o espectador se sentir conectado a uma chave de humor que não sabe se é a dele.

Entre as qualidades do programa está, sem dúvida, o trabalho de Sauma, de Danilo e de Márcia Cabrita — especialmente bem na cena em que ela estapeou o encosto com a gravata, um dos poucos momentos verdadeiramente engraçados da noite. Vimos também uma ou outra tirada espirituosa, mas nada que fosse suficiente para sustentar a atração.

No fim, ficou a impressão de que a TV por assinatura não precisa de mais uma “comédia despretensiosa”. É outro resultado dessa fervura do mercado de produção independente (aqui, obra da Panorâmica), impulsionado pela Lei da TV Paga, e cujos frutos são de qualidade irregular. Pena.

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