Atração explora crime velho até não poder mais e cai no ridículo



Publicado originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv/critica/noticia/2014

Sábado, 01 de novembro de 2014, 05h56

Patrícia Kogut





O assassinato dos pais de Suzane von Richthofen aconteceu em 2002. Para o “Tá na tela”, programa de Luiz Bacci na Band, é notícia fresca. Na última quarta-feira, ele gastou blocos e blocos reencenando o crime. Na quinta, se manteve no tema. Uma atriz — com certeza escalada mais por causa de sua semelhança física com a garota que propriamente pelo talento — interpretou Suzane. A “cena do crime” estava recriada no palco. Em outras palavras, Bacci apresentou o programa em torno de uma cama de casal. Foi ridículo.

A produção teve trabalho. Além da fabricação do cenário, na parede havia uma arte caprichada com um gráfico em que apareciam os rostos de cada envolvido. Bacci vociferava sem parar enquanto se movimentava em torno da cama, às vezes sentando nela. Havia também uma pequena plateia e a sonoplastia caprichada. O apresentador afligia o aflito — técnica muito comum nesse tipo de programa — ao mostrar as imagens da reconstituição feitas pela polícia quando ninguém ainda sabia que Suzane era culpada: “Olha ela chorando! Maldita!”.

Entrevistou uma psicóloga forense para saber “o que acontece quando fica provado que um bandido é psicopata”. Mas o ponto alto foi mesmo a visita de uma repórter, entrevistada por Bacci num telão, à cidade da suposta “esposa” de Suzane. “Ela tem cabelo liso? Enrolado? E a cor da pele? Olhos claros?” foram algumas das indagações que ela fez a um transeunte local.

Tanto barulho, no entanto, parece ter sido por nada. Com essa tonitruante edição, o “Tá na tela” marcou três pontos, o mesmo índice que costuma obter quando as tragédias de que trata, sempre com roupagem de efeito, são de menor tonelagem.

Comentários