Seminário XI: Programa de Viagem



Universidade Federal Fluminense
Instituto de Artes e Comunicação Social
Cinema e Audiovisual
Professor: Felipe Muanis
Alunos: Adriana Bassi, João Victor Almeida, Livia Lacorte e Maria Victória Oliveira





O tema do nosso seminário são os programas de viagem. Esses programas são originários de idéias de mostrar lugares, costumes, pessoas, aproximando os espectadores de outras realidades e possibilidades. Os programas de viagem com os aspectos que citaremos a seguir existem em outros países desde a década de 80, mas eles se popularizaram no Brasil, nos anos 90, com a expansão da tv segmentada, apesar de haverem algumas abordagens na tv aberta, em quadros do fantástico, globo repórter, etc, desde os anos 70.

Esses programas historicamente são muito lucrativos, tanto pelo interesse de patrocinadores e anunciantes, quanto pro próprio comércio e circulação de dinheiro nos lugares abordados pelo estímulo ao turismo. No Brasil, houve uma expansão da produção desses programas a partir dos anos 2000, quando a economia brasileira ficou mais estabilizada, e o acesso tornou-se mais fácil aos três pilares desses programas que são os principais transportes de viagem(avião, ônibus, etc), com o barateamento das passagens, a popularização da tv a cabo e o barateamento de equipamentos e recursos pra filmagem.

Características dos Programas:

Todos os programas buscam tentar transmitir sensações como as que vivenciamos em uma viagem. Com o auxilio da edição, nos poupa dos altos custos, das filas nos aeroportos, bagagens extraviadas e apenas acompanhamos os melhores restaurantes, festas, bares sem sair de casa.

Há alguns padrões de características que se repetem nos programas atuais como, por exemplo:


Um guia para a viagem

Podemos chamar de guia o apresentador ou um grupo de apresentadores fixos, que possuem o papel de nos guiar às atrações de cada lugar. Ele costuma ser carismático, o que ajuda na atenção do espectador ao programa.

O norte para a rota
Todos partem para a viagem com um objetivo, como por exemplo: surfar nas mais bonitas praias pela América (9 Pés, Irmãos Vaz, Mar Doce Lar), conhecer tribos indígenas (Embarcados), desfrutar do turismo gastronômico de determinada região (Diario do Olivier, Sem Reservas), etc.

Conversas

O guia nos apresenta aventuras ou curiosidades através de entrevistas com pessoas locais, conduzidas como uma conversa para suavizar o tom jornalístico e aumentar a imersão à proposta da viagem.

Apresentação do espaço

Há a presença de muitos planos de cobertura, afim de permitir a visualização das belezas naturais, construções, pessoas do lugar. Tem a função de ajudar a ambientar o espectador e a fazê-lo percorrer os espaços junto do guia. Tenta se aproximar de um olhar panorâmico.

Um iPod nos ouvidos

A maioria dos programas que visam atingir um publico mais jovem, estudantes, mochileiros, se utilizam da música como instrumento de prender a atenção do espectador e dar fluidez. Ajuda a criar sensações para cada lugar, além de suavizar a carga de informação gerada pelas entrevistas e curiosidades inseridas.

O ponto central dos programas de sucesso é a fuga do turismo óbvio (que é o que a maior parte das pessoas já tem a oportunidade de fazer), como conhecer monumentos famosos, pontos tradicionais, paisagens consagradas, etc. O principal foco não é meramente dar possíveis dicas de viagem ou lugares pra conhecer, mas sim de permitir ao espectador uma determinada experiência sem que ele necessariamente gostasse de estar lá.

Com a popularização de programas com essas características, é possível classifica-los em alguns gêneros como: esportivo, jovem, luxuoso, culinário e histórico. O esportivo possui uma tendência aos esportes radicais, destaca a natureza e geralmente possuem um guia atleta (surfistas, skatistas, etc). Canais como OFF possuem uma programação repleta de programas desse gênero.

O Jovem é o mais difícil de se classificar, pois o interesse abrange uma maior faixa etária. Chamamos de jovem pela característica de serem programas mais baratos e viáveis à realidade de quem está começando os estudos ou a trabalhar. Permite desbravar lugares alternativos que não são tão fáceis de serem encontrados, festas, pubs, exposições, manifestações culturais no geral. Utiliza-se frequentemente de transmídia (blogs, twitter, etc).

O Turismo Luxuoso busca captar a essência dos destinos paradisíacos, hotéis caros e requintados, que captam a atenção do espectador pela vontade de vivenciar tais experiências ou apenas por mera curiosidade. O guia geralmente é alguém da alta sociedade, que não necessariamente possua dinheiro para realizar todos aqueles programas, mas que condiz com a estética e estilo do programa.

O turismo culinário é o mais difícil de transmitir as sensações da viagem, uma vez que a televisão nos priva dos aromas e sabores, que são o mais importante numa refeição. Assim, ganham caráter didático às vezes, para que o espectador possa tentar reproduzir em casa, explicando de alguma forma os ingredientes seja pela conversa com algum chef ou ensinando passo-a-passo.

O Turismo Histórico ganha um viés mais científico, se destinam a uma faixa etária mais velha e buscam destinos de contexto político, histórico, biológico, entre outros recortes.

PANORAMA INTERNACIONAL

Um dos precursores dos chamados Programas de Viagens foi o ator Michael Palin, que resolveu ele mesmo sair documentando seus passeios pelo

mundo. Essa ideia está ligada diretamente ao início do cinema, no sentido que locais exóticos e distantes do público eram filmados para entretenimento do mesmo.

Tais programas se tornaram muito famosos no exterior. Aqui estão alguns casos:

* Sem Reservas (No Reservations)

O chef de cozinha Anthony Bourdain visita diversas cidades e países do mundo e mostra além da cultura e costumes locais, a experiência gastronômica que cada ponto oferece. O sucesso deste programa se deve bastante ao fato que por muitas vezes o apresentador se dirige diretamente à câmera, como se falasse com o espectador fazendo com que o mesmo se sinta como seu companheiro de viagem. O fato que maioria dessas conversas ocorrem em mesas de restaurantes ou de bares enquanto Anthony se delicia com alguma iguaria local ainda aumenta a sensação de que vamos comer junto com ele.

* O Mundo Visto do Céu

O grande diferencial deste programa são as tomadas aéreas que convidam o espectador a ver as cidades escolhidas de uma maneira totalmente diferente, que poucos teriam a oportunidade, ainda que fossem mesmo visitar tais cidades. O Mundo Visto do Céu segue a risca o seu título, as gravações são captadas em helicópteros ou aviões, não há apresentadores, apenas um narrador que concentra as informações em fatos mais históricos ou políticos.

* Na Idiot Abroad

Neste programa o atrativo é, sem dúvidas, o viés cômico. Karl Pilkington, um inglês que não se interessa nem um pouco por viagens é convidado por dois amigos a conhecer o mundo. O humor está no fato que ele é colocado nas situações mais inusitadas, porém ainda altamente culturais e próprias de cada país, e tem que passar por elas, pois a viagem já foi toda previamente programada por seus amigos. Enquanto Karl fica passando vergonha e reclamando, o espectador ri dele e viaja com ele.


PROGRAMAS BRASILEIROS



Os programas brasileiros de viagem surgiram no país no final dos anos 90, mas houve uma maior produção nos anos 2000, com a estabilização e crescimento econômico, valorização da moeda, barateamento de passagens e investimentos em aeroportos, consequentemente um maior número de telespectador de TV aberta e fechada, despertando o interesse de brasileiros em viagens tanto no Brasil como no exterior.

Normalmente começaram com programas que mostram um turismo clássico os locais visitados, algo que ainda se mantém na TV aberta como o programa 50 por 1, mas indo para a TV fechada os programas foram se adaptando aos canais direcionados e buscando um público especifico. Um canal com uma quantidade significativa de de programas de viagem é o Multihsow, que é um canal da empresa Globosat, e que possui programas normalmente com um público-alvo jovem, que mostram lugares alternativos ou viagens inusitadas, como o Não Conta Lá Em Casa. Costumam procurar outros brasileiros que moram no destino escolhido, para apresentar alguns pontos turísticos e conhecer o lugar de uma forma diferente, com um olhar de morador estrangeiro. Pode ter algum objetivo, como Nalu Pelo Mundo, que o pai vai para lugares surfar, enquanto a mulher que é cinegrafista registra esse momento e a filha os acompanha nessa aventura.


* Lugar Incomum

O programa 'Lugar Incomum', atualmente apresentado por Didi Wagner, vai ao ar às sextas às 21:30, no canal Multishow. Há oito anos no ar, o programa, incialmente, abordava lugares curiosos, alternativos, diferentes e questionavam as pessoas que moravam em NY. Passado algumas temporadas, o programa manteve o mesmo estilo de explorar o destino escolhido, só que em cidades diferentes a cada temporada, Didi já visitou Nova Iorque, Londres, Berlim, Barcelona, Milão, Roma, Istambul, Paris e Los Angeles. Atualmente, Tóquio é a cidade escolhida.

Por se uma apresentadora experiente, Didi traz ao Lugar Incomum características suas, como entrevistas sem tradutores, participação do que está mostrando ao espectador, conhecer pessoas novas no local visitado, etc. Muito simpática, ela traz ao programa um tom alegre e divertido. Com o intuito de conhecer a cidade, de como ela funicona, os bairros, a cultura urbana, englobando gastronomia, prontos turísticos ou não (preferencialmente), o programa é dividido em blocos para que tenha essa característica. Em cada um deles é visitado um local diferente da cidade, variando entre: galerias, restaurantes, lojas etc. Há planos de cobertura mostrando a apresentadora andando pela cidade, sem necessariamente apresentando, com uma trilha sonora do país visitado. Além dessas características, Didi conversa com o espectador antes de filmar algum local, explica o lugar ou o evento, muitas vezes na frente do local


* Vai Pra Onde?

O programa 'Vai Pra Onde?', que está na sua décima temporada, é apresentado pelo Bruno De Luca e passa no canal Multishow ás 22:30 nos domingos. É um programa que a cada temporada mostra o apresentador em países diferentes se virando com pouco dinheiro, como muitas pessoas fazem em mochilões. Através de uma câmera em primeira pessoa, que o próprio Bruno opera, e uma terceira, que além de filmar de um outro ângulo faz planos de cobertura. O programa mostra ao espectador pontos turísticos baratos, alguns clássicos, durante o dia, como lojas, resturante, hostels e a noite festas. Há sempre um convidado, de preferência algum brasileiro morador do local, para dar dicas de diversão barata e boa. O apresentador também conversa com o espectador, com o cinegrafista que o acompanha e muitas vezes também com a produtora. Tem um aspecto mais informal que outros programas, trazendo um ambiente jovem e moderno.

Há cortes no programa entre o seus translados, com alguns blocos no hostel em que está hospedado e uso de música atuais.

Além disso tudo, o programa mantém um canal atualizado pelo próprio apresentador onde ela publica vídeos não mostrados, todas as dicas e lugares que ele visitou, além da trilha sonota tocada, e maném contato com telespectador através dessa plataforma.


Bibliografia: 

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