Telespectadores trocam TV a cabo pelo ‘streaming’



Publicado originalmente no site: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view

Por Emily Steel em 11/11/2014 na edição 824

Reproduzido da Folha de S.Paulo/The New York Times, 4/11/2014; intertítulos do OI





Uma nova maneira de assistir à TV vem quebrando o monopólio virtual que há anos empresas de cabo, satélite e telecomunicações tiveram sobre a programação da televisão nos Estados Unidos.

Apenas um dia depois que a rede HBO disse que começaria uma programação exclusiva para a internet, a rede CBS anunciou seu próprio serviço de streaming por assinatura, que dá acesso por demanda à sua programação ao vivo, além de milhares de shows atuais e antigos. O movimento aponta para um momento de transição da TV, em que os telespectadores têm mais opções e assinam apenas canais ou programas que querem assistir – e decidem como, quando e onde assisti-los.

A época em que as pessoas pagavam uma média de 90 dólares por mês por um pacote de canais de um fornecedor tradicional está acabando rapidamente. Leslie Moonves, diretor-executivo da CBS Corporation, disse: “Nosso trabalho é produzir o melhor conteúdo possível e deixar que as pessoas o vejam da forma que quiserem.” Moonves quer que seu canal permaneça relevante para uma nova geração que nunca pagou por um pacote de televisão padrão e para aqueles que cancelaram seu serviço de cabo.

Novos serviços

O estímulo às ofertas para a internet dado pela HBO e pela CBS, duas redes que ganham bilhões de dólares com o sistema tradicional, mostra como o equilíbrio de poder está mudando. O serviço de acesso irrestrito da CBS, que custa US$ 6 por mês, começou em 16 de outubro; o da HBO começará em 2015.

As iniciativas são em grande parte uma reação ao sucesso do Netflix, cujo serviço destreaming tem mais de 50 milhões de assinantes globais. Outros serviços, como o da Amazon e do Hulu, agora oferecem programação por demanda que pode ser assistida a qualquer hora e em qualquer lugar, em um laptop ou um smartphone. Televisões “inteligentes” e dispositivos de streaming, como a Apple TV e o Roku, também permitem que espectadores assistam a vídeos pela internet em uma tela grande.

Reed Hastings, do Netflix, disse que as opções de streaming de mercados tradicionais validaram a crença de sua empresa de que a internet está substituindo a TV tradicional e aplicativos substituem canais. Executivos de mídia estão ansiosos para abocanhar uma parcela dos espectadores que pagam para usar a internet, mas acessam alternativas destreaming de vídeo mais baratas ou opções gratuitas, como o YouTube.

O crescimento de assinaturas de serviços de cabo e satélite dos EUA estagnou, caindo 0,5% neste ano, para 101,4 milhões. Em 2012, este número era de 101,9 milhões, de acordo com a SNL Kagan. Das pessoas entre 18 e 34 anos de idade, uma em cada seis disse não ter assistido a qualquer série original de TV nos canais tradicionais nos últimos 30 dias, de acordo com a comScore.

Por exemplo, Jennifer Seide, 28, mora em Nova York e assiste a quatro horas de televisão por dia. Ela paga US$ 60 por mês à Verizon para ter acesso à internet, mas não paga por uma assinatura de TV convencional. Ela tem uma assinatura de US$ 8 por mês do Netflix e usa as dos amigos para acessar o Hulu e a HBO.

Os esportes são o componente principal que mantêm os canais a cabo. Mas já há um número crescente de opções de esportes na rede que transmitem pacotes tradicionais, incluindo a ESPN3. As redes que oferecem novos serviços de streaming precisam atingir um delicado equilíbrio para não canibalizar os bilhões de dólares que as operadoras de cabo e satélite pagam para distribuir sua programação.

Os novos serviços da HBO e da CBS poderiam fazer as empresas de cabo exigirem a diminuição das tarifas que pagam para exibir sua programação. Para manter seus próprios clientes, essas empresas poderiam ser forçadas a criar pacotes mais segmentados. Mas, em alguns aspectos, os novos produtos poderiam beneficiar as empresas de cabo, que ganham vendendo acesso à internet.

Dia seguinte

HBO e CBS não são as únicas com novas ofertas de streaming. A Sony está preparando um produto para a internet que poderá incluir a programação da Viacom, com canais como Comedy Central, MTV e Nickelodeon. A DirecTV, provedora de TV via satélite, também disse que iria começar um serviço de vídeo online. Um serviço semelhante da Showtime, a rede de cabo premium de propriedade da CBS, está em um “futuro não muito distante”, disse Moonves.

Resta saber por quantas assinaturas de streaming os espectadores vão querer pagar. O preço básico mensal cobrado pela Netflix é de US$ 8, mesmo preço do serviço premium do Hulu. O novo serviço da CBS irá disponibilizar seus programas tradicionais no dia seguinte à sua exibição, e mais de 5.000 episódios de séries clássicas do canal, como Jornada nas Estrelas.

Como disse Marc DeBevoise, do CBS Interactive: “Vai ser bem parecido com o Netflix.”

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