Seminário de Formato: Fantasia

Universidade Federal Fluminense
Instituto de Artes e Comunicação Social
Cinema e Audiovisual
Professor: Felipe Muanis
Alunos: Lívia de Paiva, Jorge Polo e Petrus de Bairros

Fantasia teve quatro temporadas: 1997-1998; 1998-1999; 2000; 2007-2008. Inspirado no programa italiano “50 Mulheres”, é um Game Show em que o telespectador liga para o programa e participa de provas valendo dinheiro, além de concorrer a um sorteio a ser realizado no fim do programa entre todos os que telefonaram (de carro e moto, por exemplo). É conduzido por várias apresentadoras que se revezam em blocos (quatro ou cinco por programa). Além de jogos, todos eles em que o jogador é o telespectador no telefone, o programa conta com muitos blocos de dança e canto, este se destacando por ser acompanhado das letras da música na tela, como num karaokê. A proposição é de que o telespectador participe do programa também nesses momentos, dançando a coreografia feita pelas meninas e/ou cantando junto as músicas, que possui legendas como a de um karaokê clássico.
A configuração dos jogos conta com as várias mulheres conduzindo as peças para que ele se viabilize. Por exemplo: num jogo de cartas, cada uma segura uma carta; num jogo de batalha naval, a cada rodada é uma mulher que gira a peça para mostrar se atrás há um pedaço de navio ou não. Apesar de o programa contar com um número que variou de 35 a 75 mulheres, apenas uma apresenta o programa por vez; as demais auxiliam e preenchem a montagem.
O formato é problemático pelo fato de se basear, ainda que no começo de forma apenas sugerida, na espetacularização do corpo feminino e ridicularização da mulher. Há notadamente um padrão de corpos femininos escolhidos pelo programa: mulheres jovens, maquiadas, magras, jeito delicado nas falas e nos gestos (gestos suaves, palavras no diminutivo etc). O dispositivo do programa alcança algum nível de dinamismo cíclico, musical com dança, karaokê e jogos envolvendo o telespectador e o fato do mesmo ser ao vivo e de muitas pessoas o apresentarem (exceto entre 1998 e 1999, quando o programa foi apresentado apenas por Carla Perez), e pode atingir um público pessoas de idades variadas, como se consta nas ligações de mulheres, homens e crianças. O problema é quando a escolha dessas apresentadoras visa a uma objetificação desrespeitosa e machista do corpo e quando a escolha dos jogos envolve foco nos corpos dela como regra.
O programa teve certa instabilidade na grade da SBT, tradicionalmente povoada por jogos de TV que envolvem dinheiro. Se por um lado, durante dois dias consecutivos da primeira temporada o fluxo de ligações causou pane na Telesp e foi necessário que as apresentadoras pedissem para que não ligassem mais naqueles dias, o programa foi cancelado diversas vezes por baixa audiência.
A economia e simplicidade do formato baseado apenas nesse espaço, um mínimo de decoração e pessoas com alguns objetos e coreografias, reserva potencial se explorada de formas outras, como ponto de partida para programas mais performáticos ou que envolvam danças outras, como break-dance, balé e danças contemporâneas. Ou ainda uma atualização do espaço do estúdio para o espaço externo, as ruas. A falta de imaginação em relação às possibilidades de combinação entre personagens, espaços e coreografias diferentes pode ser apontada como um dos motivos para o rápido desgaste do Fantasia.

Links:

Abertura do Programa em 05/01/1998: https://www.youtube.com/watch?v=cRT8jnFdnqU

Fantasia Especial de Carnaval: https://www.youtube.com/watch?v=yFHCDEnvq_Q

Abertura da Temporada 2007 e processo machista de seleção de novas garotas:

https://www.youtube.com/watch?v=ugZqg3w33j4

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