por Fábio Mendes
[Com informações do Blog do Daniel Castro, no Portal R7]
O SBT encerrou hoje, 10 de maio, a exibição da novela mexicana Camaleões. Porém, nas telas da televisão, sua exibição se encerrou há mais de um mês - mais especificamente no dia 25 de março. Como isso se explica? Acontece que, após ter sua transmissão abreviada às pressas no canal de Silvio Santos, a novela de 2009 continuou no ar através de uma forma de transmissão inédita no país, utilizando a internet.
Desde sua estreia, em outubro passado, a exibição da trama adolescente protagonizada por Belinda e Alfonso Herrera, onde interpretavam ladrões de jóias que se infiltram numa escola a mando de um chefe misterioso - o Camaleão - para roubar artefatos raros, passou por contínuas edições de capítulos e encurtamentos. Não justificadas por audiência baixa, como se imagina (as médias entre 4 e 6 pontos na faixa das 16h não eram consideradas ruins para os atuais padrões da emissora), mas pelo seu conteúdo.
O Ministério da Justiça, através do sistema de classificação indicativa de programas de televisão, alega que a autoclassificação feita pela emissora (10 anos, exibição liberada para qualquer faixa de horário) não condizia com o material levado ao ar. Em 30 de novembro, a emissora recebeu uma advertência para que adequasse o conteúdo da trama. Segundo o MJ, Camaleões teria cenas com "agressão física, consumo de drogas lícitas e insinuação sexual". A exibição também passaria a ser monitorada pela entidade.
Após uma segunda advertência em 8 de fevereiro, em 18 de março o Ministério da Justiça decidiu reclassificar a novela. Camaleões, agora inapropriada a menores de 12 anos, só poderia ser exibida depois das 20h - o problema é que mais da metade da novela já havia sido levada ao ar e a emissora teria apenas cinco dias úteis para adequar sua grade de programação à imposição da Justiça. A saída foi "afiar a tesoura": cerca de dois meses de história foram espremidos em cinco capítulos e a novela saiu do ar às pressas, com um final quase ininteligível. Na semana seguinte, estreou no horário, sem divulgação, a reprise da recém-exibida Uma Rosa com Amor.
Sobre o final abrupto, Fernando Pelégio, diretor de Criação Visual e consultor artístico do SBT, se pronunciou em sua conta no Twitter: criticou os critérios de classificação e comparou a novela mexicana a Rebelde, versão nacional da produção da Televisa veiculada pela Rede Record, com classificação livre e que, segundo ele, mostra jovens embriagados, caindo de bêbados - enquanto Camaleões apenas faz referências verbais ao uso de álcool.
A saída para evitar uma reação negativa dos fãs adolescentes foi, de certa forma, curiosa: a partir da segunda seguinte, a novela passou a ir ao ar no site do SBT, do ponto onde os cortes pesados começaram. Os capítulos, na íntegra e dublados, eram adicionados de segunda a sexta e ficavam disponíveis para visualização por 7 dias. A exibição se encerra hoje, com a adição do capítulo 135.
Os números dessa exibição especial são interessantes: cada capítulo teve em torno de 4000 a 9000 visualizações, segundo o site SBT Vídeos. O capítulo 123, publicado em 22 de abril, chegou a 17815 visualizações. O público fiel da novela migrou para a internet e pôde ver a reta final de Camaleões de uma forma que não poderia ver na TV: sem cortes, no horário que quisesse e sem intervalos (há apenas anúncios Google Ads durante os vídeos, como ocorre no Youtube).
A iniciativa já se estendeu ás outras novelas da emissora: os capítulos completos de Amor e Revolução e das reprises de Maria Esperança, Amigas & Rivais e Uma Rosa com Amor também são agora liberados para exibição na internet nos mesmos moldes - diferente da Record e da Globo, que liberam para exibição gratuita para internet apenas trechos dos capítulos. No final das contas, o SBT acabou encontrando uma alternativa interessante para agradar o seu público. E o telespectador agradece pelo respeito.
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