Publicado originalmente no site: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada
Segunda-feira, 13 de maio de 2013, 03h05
Inácio Araújo
Por incrível que pareça, dada a imensa quantidade de canais de TV paga existente, o cinema ainda é um território inexplorado.
É também, por isso mesmo, uma imensa brecha pela qual poderão se infiltrar os canais surgidos em decorrência da nova legislação.
O primeiro a se manifestar fortemente foi o Curta!. Desencavou uma série de filmes brasileiros que estavam na prateleira.
Trouxe séries de documentários sobre a Segunda Guerra Mundial e, ainda, restituiu ao espectador de TV os magníficos curtas chaplinianos. Há curtas brasileiros na programação também.
O certo, indiscutível, é que o espectador de TV paga convive hoje com um repertório a rigor diminuto de filmes reprisados uma quantidade quase infinita de vezes (caso de filmes como "Melhor É Impossível", "A Máfia Volta ao Divã", "Tropa de Elite 2" etc.).
Primeiro, eles são exibidos nos canais lançadores (como Telecines ou HBOs) e depois vão para os de segunda linha (Warner, Universal etc.).
Passemos pela assombrosa falta de imaginação dessa programação.
Há filmes argentinos e chilenos, portugueses e espanhóis, franceses e alemães, turcos e russos. Há o mundo inteiro a explorar e um século de filmes, ou, vá lá, pelo menos uns 80 anos de cinema sonoro.
Certo, muitos deles pertencem a acervos como o do TCM, que está se especializando em mostrar filmes em Panavision ou Cinemascope na tela plana, isto é: mostra mais ou menos metade do enquadramento original do filme. Ou seja, ainda: mostra outro filme que não aquele filmado.
Quanto ao Brasil, bastaria consultar o acervo da Cinemateca Brasileira (e outras cinematecas) para saber o que existe disponível, consultar os proprietários dos direitos e sair em busca do material.
Coisas que o Canal Brasil faz dentro de seus limites, que não são tão largos.
Mesmo para quem não queira explorar profundamente a história dessa arte, existe hoje uma produção mundial diversificada, tanto em filmes como em séries e em documentários. Quem correr atrás dificilmente não encontrará o seu público.
O Curta! saiu na frente e vai afirmando sua originalidade, mas o que ainda não falta é campo aberto.
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