Publicado originalmente no site: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada
Domingo, 29 de setembro de 2013, 01h45
Isabelle Moreira Lima
Luciana Coelho
Já se vão cinco temporadas desde que a vida de Walter White, protagonista de "Breaking Bad", mostrou que não estava tão fácil.
A trajetória do professor de química com câncer que se transforma em um rei do tráfico de drogas virou um fenômeno cultural comparável à febre da "Família Soprano" (1999-2007), série que levou um chefão da máfia ao divã e é considerada um marco na nova era de ouro da televisão.
Hoje, às 22h no horário de Brasília, a saga de White será concluída ao longo de 75 minutos exibidos pelo canal norte-americano AMC.
No Brasil, "Breaking Bad" é exibida pelo AXN, que inicia a fase final nesta sexta.
Os últimos capítulos mantiveram um nível incrível de tensão. O responsável por isso é Vince Gilligan, 46. Sua bem-sucedida série chega ao fim com a perspectiva de atrair 8 milhões de pessoas à TV e outros milhões on-line --a rede é seu maior multiplicador de sucesso.
A produção começou com audiência modesta e atingiu números incomuns para um canal pago pequeno. Na semana passada atraiu 6,4 milhões de pessoas nos EUA.
O fim de "Família Soprano", num grande canal pago em 2007, a HBO, teve 11,9
milhões, e "Lost", 13 milhões em 2010 (era da ABC, grande canal aberto dos EUA).
As duas produções são sempre comparadas a "Breaking Bad", a primeira por causa do protagonista criminoso com dilemas morais, a segunda pelo ardor dos fãs.
Mas "Breaking Bad" (algo como "ficando mau") tem seu próprio truque. Diferentemente da longa lista de produções atuais protagonizadas por anti-heróis, nesta o mocinho se torna vilão aos poucos, quando o público já caiu de amores por ele. Mesmo que o que veja na tela seja um sujeito cada vez mais orgulhoso, ganancioso e frio.
A isca da empatia foi mordida de cara e é repetida constantemente pelo protagonista: Walter White (Bryan Cranston), o professor com câncer, só decide fabricar metanfetamina para deixar uma herança à família, ainda que isso a destroce. Ele convida para a empreitada um ex-aluno, o "junkie" Jesse Pinkman (Aaron Paul).
Isso foi há quase seis anos, ou cerca de dois no tempo transcorrido na tela.
Para a crítica de TV da revista "The New Yorker", Emily Nussbaum, "Breaking Bad" testa a relação entre espectadores e personagens.
"As pessoas se acostumaram às séries protagonizadas por anti-heróis, passou a ser comum o espectador se identificar com o comportamento dos personagens e pouco depois desaprová-lo. 'Breaking Bad' atrai o público para o personagem e depois o muda completamente." Para ela, a série é uma reação à glorificação do anti-herói.
PÚBLICO E CRÍTICA
Há fãs de "Breaking Bad" por todo o globo, a crítica é majoritariamente elogiosa e recordes de audiência são quebrados a cada semana.
Memes (brincadeiras com fotos e vídeos populares na web) nascem a cada episódio e pipoca on-line uma infinidade de produtos, de camisetas a sais de banho que imitam a droga azul da história.
Um de seus personagens, o advogado picareta Saul Goodman (Bob Odenkirk), ganhará sua própria série cômica, "Better Call Saul".
Já Gilligan fechou acordo para produzir o drama policial "Battle Creek". Desta vez, na mais quadrada, mas gigantesca rede CBS.
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