Publicado originalmente no site: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv/critica/noticia
Quinta-feira, 23 de outubro de 2014, 06h58
Patricia Kogut
Mais pesada do que nunca, a quinta temporada de “The walking dead” (aqui no ar na Fox) começou como as anteriores: com os personagens se movimentando em círculos (atenção, tem spoiler). Naquela constante busca pela sobrevivência em que só esbarram em grupos de vilões, eles estão mais unidos do que nunca. Algumas diferenças graves, como a de Carol (Melissa McBride) com o grupo, são pacificadas nos dois primeiros episódios. A sensação de que Rick (Andrew Lincoln) é um herói sólido, meio invencível, se impõe com muita clareza.
Então, qual é mesmo a graça dessa angustiante repetição que arrasta o público sempre para um marco zero? Ora, são as surpresas nos detalhes, o subtexto. São os símbolos embutidos em recados que parecem sussurrados no ouvido do espectador, e só para ele. Um exemplo é o momento em que eles descobrem uma igreja e fazem o reconhecimento de terreno. Vê-se uma “Bíblia” aberta em Gênesis, justo naquela passagem do “No princípio, Deus criou os céus e a terra”. Como se fosse pouco, alguém se detém num desenho afixado na parece. E o que está retratado ali? Moisés e suas tribos com a legenda “foram 40 anos errando pelo deserto”. “The walking dead” é ou não sensacional?
Na estreia, o grupo consegue escapar da Terminus salvo pelo gongo. O enredo descamba aqui e ali para o truque barato. Por exemplo, na hora agá de uma decapitação, quando o malvado está com a espada no ar, ele é interrompido pelo som de um tiro. A situação se repete mais de uma vez barateando o efeito. Vemos também Tyrese (Chad Coleman), que protege o bebê, Edith, passar por um aperto meio sentimentaloide. Mas nada que comprometa.
É apenas, entenderá o público já no segundo capítulo, uma preparação para o filé que virá depois. E bota filé nisso, no sentido figurado e... no literal. Os vilões dessa vez não são apenas pessoas ruins. Eles são canibais.
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